Pessoas que profetizam a chuva participaram do Festival das Sementes Crioulas

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Participantes da oficina com os profetas da chuva | Foto: Neto Santos

O I Festival das Sementes da Fartura do Piauí, realizado nos dias 17 e 18 de julho, na cidade de Pedro II, região norte do Estado, reuniu homens e mulheres que observam a natureza para apresentarem sua sabedoria sobre o tempo. Um evento cujas temáticas são a preservação do patrimônio genético (as sementes da fartura), o protagonismo das famílias agricultoras que buscam sempre novas formas de cultivo, a valorização do saber popular e da agricultura familiar de base agroecológica, não poderia deixar de fora a sabedoria de homens e mulheres que contribuem de forma direta para o sucesso do plantio da semente na terra.

A oficina com os Profetas da Chuva, realizada na manhã da sexta feira passada (18), foi uma boa oportunidade para o público presente conhecer a filosofia de vida que essas pessoas têm, sua ligação com a meteorologia popular e suas previsões feitas a partir da observação dos sinais da natureza. Nas duas horas e meia de duração, os participantes, que não escondiam sua admiração e respeito pelos profetas, também fizeram perguntas para descobrir a origem de tamanha sabedoria.

Um dos momentos mais interessantes da oficina foi quando os profetas e a profetiza apresentaram sua ligação de cada um com a natureza. Os sinais observados por eles que indicam se vem um período bom de inverno ou não. Os elementos mais citados entre eles estavam a lua, as estrelas, as plantas e pequenos animais. Durante os relatos, também ficou visível que os profetas, apesar de observarem elementos comuns da natureza, não são unânimes em alguns deles. Nem todos concordam, por exemplo, com os sinais apresentados durante as fases lua.

A oficina apresentou também um forte traço de sabedoria de quem profetiza sobre o tempo, que têm uma característica comum: a simplicidade. Quase todos eles fizeram suas apresentações recheadas de ilustrações através de histórias, a exemplo do profeta Antonio Miguel que falou dos os sinais emitidos pelos dedos da mão.

Um pensamento de seu José Gonçalves, do município de Milton Brandão, expressa o tamanho da sabedoria e sensibilidade com relação ao nosso planeta. : “A terra é a mãe de todas as mães, tudo é gerado através dela, não há mãe ruim nesse mundo, por isso precisamos respeitar ela”. Seu Zé Inácio, profeta da localidade Cachoeira Grande, no município de Poranga, no Ceará, disse: “A terra casou-se com a água. Por isso, tudo na vida vem da união delas duas”.

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