Agricultores de Itabaiana, Aroeiras e Mogeiro participam de intercâmbio em Massaranduba-PB e conhecem experiência com arborização
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A propriedade de Seu Loro e dona Iraci recebeu a visita de 45 agricultores e agricultoras interessados em conhecer as experiências de convivência com o Semiárido | Foto: Arquivo Centrac |
No dia 15 de julho, 45 agricultores e agricultoras dos municípios de Aroeiras, Itabaiana e Mogeiro participaram de uma visita de intercâmbio na comunidade de Cachoeira de Pedra D´água, município de Massaranduba, região do Agreste Paraibano.
O intercâmbio tem o objetivo de valorizar o saber popular, além de incentivar a troca de experiências entres os agricultores e agricultoras, fortalecendo a convivência com o Semiárido. A atividade faz parte do processo de formação do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) que viabiliza a construção de processos participativos de desenvolvimento rural no semiárido, promove a soberania alimentar e nutricional, a geração de emprego e renda e tem como uma de suas ações a captação de água da chuva voltadas para a produção de alimentos e a criação de animais em todo o Semiárido.
A visita aconteceu na propriedade dos agricultores José Domingos de Barros, mais conhecido como seu Loro e dona Iraci. Os visitantes fizeram uma caminhada por toda a propriedade, onde seu Loro, no decorrer do trajeto, foi apresentando cada experiência desenvolvida. Uma das experiências foi a do cultivo da batatinha, na qual ele afirma que antes de ter o conhecimento sobre o manejo agroecológico, tentava várias vezes o plantio da batatinha inglesa e nunca deu certo. Hoje depois de colocar todo seu conhecimento em prática, a média entre plantio e colheita é de cerca de 60 dias. Ele faz o plantio com a batata semente agroecológica. Seu Loro ainda afirma que utiliza folhagens para adubar “estou com 60 anos e nunca utilizei agrotóxico. Eu pulverizo sim, mas com biofertilizante natural que espanta a praga, e uso o adubo vivo, a gliricídia, que é a riqueza do meu sítio”, comenta. Durante o trajeto seu Loro mostrou ainda como “coroar” as fruteiras com folhagens, que segundo ele servem para refrescar as plantas, pois a cobertura morta mantém a umidade do solo.
Os agricultores também puderam aprender como fazer a enxertia, que é uma das técnicas utilizadas por seu Loro. A enxertia é a união dos tecidos de duas plantas, geralmente da mesma espécie, passando a formar uma planta com duas partes: o enxerto (parte de cima, que vai gerar os frutos) e o porta-enxerto (raízes). O objetivo é aproveitar o que há de melhor das duas plantas em uma só. O agricultor demonstrou a enxertia da laranja com o limão, que segundo seu Louro serve para aumentar a produção, como também tem a possiblidade de se ter vários tipos de laranjas em uma única laranjeira.
A última parte da visita foi dedicada a conhecer o viveiro de mudas municipal, que funciona na propriedade de seu Loro e Iraci. Além de observarem como acontece todo o trabalho coletivo para manter o viveiro ativo, os visitantes conheceram as diversas experiências no campo da arborização, como a cerca-viva, cobertura morta, recuperação de espécies que estavam ameaçadas, entre outras. Seu Loro e Iraci fazem parte da rede de agricultores experimentadores do Polo da Borborema, dinâmica territorial que compõe a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA-PB).
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Os visitantes conheceram diversas experiências de arborização como a cerca-viva e a cobertura morta | Foto: Arquivo Centrac |
Seu Loro conta que sempre teve o pensamento aumentar a sua produção e a conquista da cisterna-calçadão foi a sua grande oportunidade: “meu conhecimento começou em uma visita de intercâmbio em Solânea e a partir dai eu não parei mais, hoje é uma grande satisfação receber vistas em meu sítio. Antes eu visitava, hoje estou sendo visitado. Fui atrás de conhecimento e agora estão vindo buscar conhecimento aqui! É muito bom discutir e trocar experiências para poder melhorar” avalia.
Após a caminhada pela propriedade, o grupo de agricultores, que também foi formado por jovens, discutiu sobre as práticas que vão experimentar em suas propriedades. O agricultor Severino Mendes de Souza, da comunidade Ladeira do Chico, município de Aroeiras, afirma: “hoje eu aprendi e quero experimentar o cultivo da batatinha inglesa para diversificar minha propriedade”. Já dona Maria José, moradora do Assentamento Dom Marcelo, município de Mogeiro, aprendeu com seu Louro a usar os restos de plantas pra proteger o solo: “vou levar toda a experiência que seu Louro tem, para plantar bem mais, adubando com adubo vivo e não deixar a terra nua”.
Além dos agricultores também estiveram presentes na visita, assessoras técnicas do Centro de Ação Cultural (CENTRAC), que promoveram o intercâmbio em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Fórum de Lideranças do Agreste (FOLIA) e ainda representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba, da Associação de moradores de Cachoeira de Pedra D’água e da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, que assessora a experiência.
Madalena Medeiros é coordenadora do P1+2 no CENTRAC e ficou muito satisfeita com o resultado da visita: “a experiência da família de seu Loro é muito rica, pois dialoga com o conjunto das ações de convivência com o semiárido que a ASA vem apoiando: do manejo sustentável das criações e do solo, da diversificação dos cultivos, da estocagem de água e de alimento e da conservação das sementes nativas, adaptadas à região. Tenho certeza que a experiência deles vai estimular o grupo que esteve aqui hoje”, avaliou.