Poesia Popular e Literatura de Cordel no III Encontro Nacional de Agroecologia

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Que a riqueza é bom, não é à toa
Mas nem tudo o que é bom, vem da riqueza
Que ela tira a pessoa da pobreza
Mas não tira a pobreza da pessoa

(Mariana Teles)

Cordel e conhecimento agroecológico em oficina | Foto: Mayara Albuquerque / Arquivo IAC

Na escola, alguns professores e professoras acabam mitificando o texto literário e os alunos passam a acreditar que escrever poesia, conto, crônica é coisa de seres especiais e que meros mortais não possuem capacidade para escrever uns versinhos. Diferente dos professores cortadores de asas poéticas, Caio de Meneses, poeta pernambucano, sabe que a poesia surge na hora do nascimento, como um brinde para o sujeito viver melhor. Para Caio, todo mundo pode fazer um verso maravilhoso e explica: “Porque o verso, a poesia, nada mais é que a reinvenção de uma linguagem mágica, de explicar as coisas com esse outro olhar”.

O poeta pernambucano juntamente com a também pernambucana e figura ilustre dona Socorro foram os facilitadores da oficina de Poesia Popular e Literatura de Cordel durante o III Encontro Nacional de Agroecologia. A oficina, realizada no dia  18, discutiu sobre poesia e história, construção e importância da cultura popular para o conhecimento agroecológico e fez parte do leque de quase 30 oficinas autogestionadas do ENA. Reunindo gente do país todo, o bate papo poético durou toda a tarde de domingo, terminando juntamente com o pôr-do-sol baiano, mostrando que a Natureza também é poesia. 

Cultura é coisa intrínseca, está no modo de falar e viver do povo nordestino e a Agroecologia sempre existiu, mesmo passando por despercebida, nos versos e cancioneiros populares, através da exaltação e preservação da Natureza. Nesse sentido, é preciso perceber a arte como instrumento de mudança e ressignificação da vida, resgate de memória, construção e empoderamento do conhecimento. Para o poeta pernambucano, “a cultura faz parte do conhecimento agroecológico e tem que estar dentro das programações com essa perspectiva”. Sobre o gênero lírico, Caio defende: “Poesia não é só escrever, poesia a gente costuma dizer que é o suprassumo do nosso sentimento, aquilo que a gente se emociona, se arrepia. O verso é a técnica da escrita, a poesia popular é o encantamento da arte, que pode ser escrita, pode ser cantada.”

Tomar as praças, avenidas, escolas e universidades com carimbó, farinhada, maracatu, reisado, poesias, cordéis, com arte feita pelo povo e para o povo. A cultura que representa, valoriza e constrói, em detrimento da cultura efêmera e plastificada, foi uma ideia bastante discutida durante a oficina. “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã”, já disse Drummond. E é assim que a poesia e o/s Movimento/s se constituem e coexistem: com inspiração, mas sobretudo luta.

 

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