Compartilhando experiências, construindo um Semiárido de oportunidades*
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Intercâmbio realizado na cidade de Porteirinha (MG) que inspirou a poesia | Foto: Cleidiane Nogueira |
Uma terra cheia de encantos e belezas que acolhe a todos com carinho e gentileza, és um pedacinho do céu pra quem sabe aproveitar suas riquezas
Estou falando do nosso Semiárido, terra produtiva e rica em saberes, seu povo resiste e luta, pois é aqui que a vida pulsa
Os agricultores e agricultoras do nosso sertão aprenderam a conviver; viver na sua terra e valorizar suas origens é ter um olhar de bem-querer
Exemplo disso é seu Geraldo², que não perde a tradição, com amor e respeito pela terra, cuida da natureza sem agressão.
Sua roça é igual uma mata que abriga diversas variedades, tem plantas grandes e pequenas que transmitem a sensação de liberdade
As sementes da resistência e da alegria, seu Geraldo faz questão de resgatar, são elas responsáveis pela autonomia da agricultura familiar
O que é feito com amor revela a semente cultivada, os bons frutos dão sabor à vida e refletem as ações realizadas
Viver bem no Semiárido é valorizar o bem mais precioso que há, ter água pra beber e produzir e uma terra pra plantar, são condições essenciais para a identidade do homem e da mulher do campo reafirmar
É assim que seu Ildeu³ nos mostra sua experiência, pra produzir de forma orgânica é preciso amor, dedicação e paciência. Afinal, a sabedoria popular é um tesouro valioso que não se pode questionar
O conhecimento é produzido a partir das vivências, enxergar para além do saber sistematizado é compartilhar ricas experiências
Construir um Semiárido de oportunidades requer um processo de transformação, lutar por condições dignas é direito do cidadão
É preciso amar essa terra e ter sensibilidade para enxergar, além de produzir valorizar a cultura popular
Um quintal produtivo cheio de hortaliças, plantas e frutíferas é um lugar pra se encantar, ao som da sanfona e do pandeiro, seu Chico e dona Aneli4 convidam a todos a festejar. É o Semiárido rico em vida, é aqui nosso lugar
A vida no Semiárido é luta diária, é alegria, resistência e delicadeza. Buscar alternativas de convivência com a região é trabalhar em união defendendo a mãe natureza
Um gesto de carinho, o trabalho que dignifica, é a doçura do mel que transforma a atividade de seu Deraldo num amor incondicional pelas abelhas
Aqui no nosso sertão não faltam alternativas para viver na região, seja cultivando belos quintais produtivos, seja na criação
É assim que dona Adileusa e seu Jordão5 expressam o amor pelo campo, através do cultivo de hortaliças e dos frangos que garantem a geração de renda trabalhando em união
As experiências desses agricultores são verdadeiros exemplos de convivência com a região, aproveitar as riquezas que a terra oferece é viver bem no sertão
É assim que o povo do Semiárido expressa sua força e dedicação, com amor e paixão pela terra, acontece a transformação
De agricultor para agricultor os saberes são compartilhados, é a troca de experiências dos intercâmbios fazendo a diferença no Semiárido
Os agricultores e agricultoras se tornaram protagonistas das suas próprias histórias, suas conquistas ficaram marcadas na memória.
“Quem sabe faz a hora não espera acontecer”, “viver bem no Semiárido é aprender a conviver”.
*Esse texto é resultado das impressões do Intercâmbio Interestadual do P1+2 executado pelo Centro de Agroecologia no Semiárido – CASA que aconteceu na cidade de Porteirinha – MG.
2Agricultor da comunidade de Barra do Touro; Porteirinha – MG.
3Agricultor da comunidade de Morro Grande; Porteirinha – MG.
4Agricultores da comunidade de Furado do Padre; Porteirinha – MG.
5Agricultor da comunidade Campo de Pouso; Porteirinha – MG.
6Agricultores da comunidade Sítio Jurema; Porteirinha – MG.
Trecho da música “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré).
Frase do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA.