Encontro Territorial “Cuidar da terra é cuidar da vida” discute conservação e cuidados com a caatinga
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Quem irá me valer?
São pessoas, é a caminhada.
Quem irá me valer?
São meus sonhos no pó da estrada.
Quem irá me valer?
É o sorriso que guardo comigo.
Quem irá me valer?
É o segredo de fazer amigo.
(Milton Nascimento)
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Participantes em mística de abertura do encontro | Foto: Mayara Albuquerque \ Arquivo IAC |
Abraçar é reconhecer o outro, acolhê-lo em nosso corpo e transformá-lo com nossa energia. A mística de abertura do Encontro Territorial “Cuidar da Terra é cuidar da Vida” que reuniu 50 pessoas nos dias 8 e 9 de abril de 2014, no hotel Belas Artes, em Quixadá, foi feita de abraços e desejos. Desejar para o outro o que queremos para nós é uma forma de transformar o mundo.
Após a mística, Raul Banzika facilitou um debate sobre Conservação e cuidados com a Caatinga que durou toda a manhã e deixou um forte momento de reflexão sobre como estamos tratando o nosso bioma. Os agricultores e agricultoras aprenderam sobre a origem do nome Caatinga, os estados que mais degradam o bioma, características da vegetação, do solo, a importância dos cuidados com essa vegetação, os produtos potencialmente explorados, regime e histórico de chuvas, o que provoca chuva nas regiões, a diferença entre combater e conviver com a seca, danos causados por queimadas, etc.
Após o descanso do almoço, os participantes rodaram em um carrossel composto de quatro temas: Agrotóxicos e consequências para a saúde e o meio ambiente, facilitado por Raul Bankiza e Eliane Ramos; Sementes e mudas para a agricultura familiar, por João Félix e Sérgio Pinheiro; Socioeconomia solidária e feiras agroecológicas, por Marcinha e Wilson e Sistema de produção agroecológico, facilitado por Neto.
“Os agricultores têm que parar de cultivar as sementes do governo e cultivar as suas próprias”, provoca João Félix, um dos fundadores da Casa de Sementes do município de Choró. “Quanto mais variado, mais forte é aquele agrossistema”, defende Raul. “O sistema agroecológico é pra gerar segurança alimentar nossa, depois vem o bolso”, alerta o jovem agricultor Neto. “Nossa feira agroecológica começou no período de estiagem, fomos na raça, relembra Marcinha e Wilson. Essas foram algumas falas do carrossel que durou toda a tarde e entrou pela boca da noite com a socialização para o grupão dos temas discutidos e continuação da provocação do resgate às sementes crioulas, as feiras agroecológicas como resistência e a Agroecologia para a vida. Sobre a produção agroecológica, João Félix foi categórico: “No começo nós somos bestas e doidos, mas depois eles percebem que a nossa doidice é válida”.
Na manhã seguinte, a mística proposta por Maria de Jesus espalhou mais abraços e deu fôlego para os debates. Em seguida, foram exibidos slides de fotografias do arquivo IAC e o lançamento, na Microrregião Sertão Central, do “II Caderno de Sistematizações – Compartilhando experiências de vida no Semiárido”. Após o lançamento do caderno, Odaléa Severo apresentou as metas e resultados dos programas executados pelo IAC e a manhã terminou com a avaliação do encontro.