ASA-PB representa sociedade civil no VIII Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial: ruralidade, diversidade e políticas diferenciadas
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Glória Batista representou a ASA no evento | Foto: Simone Benevides |
Na ocasião de abertura do VIII Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial: ruralidade, diversidade e políticas diferenciadas, na última segunda, 25, realizada no Garden Hotel, em Campina Grande, a coordenadora da Articulação do Semiárido pela Paraíba (ASA-PB), Glória Batista, defendeu a agricultura camponesa e a convivência com o meio ambiente.
“Não dá para realizar um evento com esta temática sem considerar as disputas de modelos de desenvolvimentos nos territórios. De um lado, se expressa a agricultura especializada do agronegócio que concentra terra, água e riqueza, desconsidera os conhecimentos das populações camponesas e destrói a biodiversidade local, trazendo como consequência degradação social, cultural e ambiental. Do outro lado, a agricultura familiar camponesa e organizações da sociedade civil vêem resistindo e desencadeando processos de inovações técnicas e sócio-organizativas na perspectiva da agricultura sustentável, fundada na diversificação de alimentos produzidos em harmonia com a natureza, na soberania alimentar e na promoção da agroecologia nos territórios, para nós, é preciso pensar o novo com esse olhar”, afirmou a coordenadora da ASA-PB.
Glória ressaltou a importância dos programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2), realizados pela ASA Brasil. Os dois programas têm mudado a realidade da agricultura familiar do Semiárido, que já não dependem exclusivamente da água do carro pipa durante as estiagens. “Água no oitão de casa – como dizem os nossos agricultores- é muito importante para a autonomia dos camponeses e das camponesas. Na medida em que nós propomos esta política [de mobilização social e implementação de tecnologias] estamos democratizando o acesso à água nos sítios”, destacou Glória.
A coordenadora defendeu a aproximação do conhecimento tradicional dos agricultores com o conhecimento técnico e acadêmico como um caminho para a construção de políticas públicas para a região: “Pouco é valorizado o saber dos nossos agricultores, até hoje, só se pensou agricultura grande e não a agricultura familiar, esse conhecimento precisa ser cada vez mais valorizado para construir a convivência com o Semiárido”.
Glória também chamou a atenção para a importância da criação de uma política nacional de valorização das sementes crioulas e defendeu mais agilidade e incentivo para a compra das Sementes da Paixão (como são conhecidas na Paraíba), produzidas pelos agricultores: “Temos uma diversidade e riqueza de sementes, vindas das antigas gerações. A gente não quer as sementes envenenadas. Nós precisamos de políticas públicas que fortaleçam as nossas sementes”.
No discurso, Glória finalizou dizendo que é preciso dar importância às organizações autônomas de camponeses, pois são estas, que têm garantido a permanência do agricultor no campo.
Sobre o evento – O Fórum teve como meta propor uma análise das mudanças que estão ocorrendo nos conceitos de tipologias territoriais e suas contribuições para a elaboração de políticas públicas em contextos locais e internacionais a partir dos resultados do projeto “Repensando o Conceito de Ruralidade no Brasil: implicações para as políticas públicas”.
Entre os públicos-alvo do evento estavam atores sociais e representantes das organizações territoriais, agentes de desenvolvimento, gestores públicos, movimentos sociais, representantes de organizações não-governamentais, sociedade civil, academia, instituições de promoção e apoio ao desenvolvimento local e organismos internacionais.