Agricultores/as do sudoeste da Bahia participam do Semiárido Show e aumentam conhecimentos
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Eles cortaram a Bahia para participar de evento em Petrolina (PE) sobre convivência com o semiárido| Foto: Eline Luz/Arquivo Cedasb |
Entre os dias 29 e 31 de outubro, duas caravanas do Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (Cedasb) e do Instituto de Formação Cidadã São Francisco de Assis (Isfa) cortaram o estado da Bahia para integrar o Semiárido Show, evento sediado na cidade de Petrolina (PE) e organizado pelo Instituto Regional de Pequena Agropecuária Aproriada (Irpaa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na caravana, 66 intercambistas, entre agricultoras, agricultores e assessores técnicos do Cedasb e Isfa, trocaram de conhecimento com outros participantes do evento dos mais diversos estados e participaram de momentos formativos, que mostraram o resultado prático da junção do conhecimento científico e do saber tradicional, que estão proporcionando a convivência de tantas famílias agricultoras com o Semiárido.
O Semiárido é rico em diversidade, e para conhecê-la, é mais do que fundamental promover espaços de troca de saberes, onde agricultoras e agricultores possam se comunicar, trazendo na bagagem suas experiências, saberes populares, dúvidas e conhecimento. Dentro da dinâmica de mobilização e formação social da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e suas unidades gestoras territoriais, os Intercâmbios Intermunicipais e Interestaduais são esses momentos protagonizados pelo povo camponês numa troca rica de saberes.
Os saberes da ciência e do povo – Para Dona Maria Neide, da comunidade de Canudos, no município baiano de Anagé, a prática agroecológica se fortaleceu durante os cursos. “Eu aprendi que não pode usar o agrotóxico por causa da química. E que a gente mesmo que tem que fabricar o biogel, isso pra poder não estar prejudicando a saúde da gente”.
Assim como a conscientização contra a utilização de veneno, as tecnologias de captação de água da chuva para produção de alimentos também foram objeto de estudo nos cursos. Para Mário Rocha, animador social do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), executado pelo ISFA, a atividade gerará frutos no seu trabalho: “A gente teve uma experiência de como plantar e como cuidar da barragem subterrânea que foi muito importante até mesmo para a gente ensinar às famílias”.
Valquíria Santos, auxiliar de escritório do mesmo projeto e entidade, também acreditou no potencial da troca de saberes para estimular suas atividades. “Lá foi interessante, pois teve tudo do Nordeste que pode melhorar o Semiárido. Foi bom também por conhecer agricultores e agricultoras, o que pra gente, que fica no escritório, é muito importante!”, complementa.
Outras experiências como o beneficiamento de frutas para comercialização e o empoderamento de políticas públicas estimularam os intercambistas a buscar novos rumos pela Convivência com o Semiárido: “Aprendemos sobre o reaproveitamento das frutas que às vezes a gente tem lá e não sabe nem como lidar, como fazer para a gente ter mais renda”, contou Clemilda Silva Soares, agricultora da comunidade de Bom Sucesso, Anagé.
Gilmar Aragão, também agricultor em Maracás, integrou o curso de políticas públicas e já quer praticar os novos saberes apreendidos: “Eu fiz o curso de PAA e PNAE, é bom porque a gente que é produtor vai produzir e já sabe como vender.Teve muitas experiências boas, como o gotejamento que dá para eu fazer em casa”.
Para Caique Aguiar, jovem voluntário do ISFA, a presença da juventude em espaços de formação é fundamental para o fortalecimento do campesinato e na concepção de sua importância. “O campo está envelhecendo (…) porque os filhos [estão] vindo para cidade ou indo para as capitais trabalhar (…) A presença do jovem no campo é indispensável para que [se] tenha uma geração. Como [diz] aquele lema (…): Se o campo não planta, a cidade não janta. É de suma importância a presença do jovem no campo”.
Os espaços de capacitação trouxeram uma variedade de conhecimentos que, para José Francisco Azevedo, presidente do ISFA, são fundamentais na promoção de novos caminhos para a soberania camponesa. “É muito conhecimento no Semiárido Show, muita coisa viável para ser implantada no Semiárido. Eu acho que se nós, agricultores, colocarmos em prática, vai surtir muito efeito”, conclui.
No espaço do evento estiveram expostos alguns cultivos e tecnologias que são implementados por projetos como o P1+2, por exemplo. Isso gerou identificação com os agricultores e equipe técnica que estiveram presentes. Para Rafael Lima, animador social do projeto Cisternas, “o que a gente pode observar lá é que, com a quantidade certa de água, tudo se produz, independente do calor. E o Cedasb e o Isfa estão levando tecnologias para o armazenamento de água e estimulando os agricultores para produzir, inclusive levando para eventos como esse que estimula a produção.”
* Coordenadora técnica P1+2 no Isfa