Encerramento do Encontro Nacional é marcado por discussões políticas e sociais

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Mesa debateu as redes de agricultoras/es experimentadores e a construção da convivência com o Semiárido. | Foto: Ana Lira/ Arquivo Asacom

Duas plenárias marcaram o encerramento do 3º Encontro Nacional de Agricultores e Agricultoras Experimentadores, na manhã desta quinta-feira (31). O encontro, realizado no Garden Hotel, em Campina Grande, reuniu cerca de 300 pessoas que vieram dos estados da Paraíba, Maranhão, Piauí, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais, regiões do Semiárido brasileiro.

O primeiro tema discutido em mesa redonda foi As Redes de Agricultoras e Agricultores Experimentadores e a Construção da Convivência com o Semiárido. A mesa foi composta pelos camponeses que expuseram o valor da organização e da resistência pela sobrevivência da Agricultura Familiar e a Agroecologia.

A agricultora Roselita Victor, do Polo Sindical da Borborema, que também estava na mesa, explicou durante as discussões que o encontro é uma prova incontestável de que os homens e mulheres do Semiárido resistem e têm sabedoria: “Disseram que a gente não sabia pensar. Isso não é verdade, aqui estamos nós fazendo diferente… Pessoas que mudam o cenário desse Semiárido”.

Ela também elencou o papel das mulheres na agricultura familiar e o enfrentamento da violência doméstica a partir do momento que as mulheres se tornam protagonistas da sua história: “nós éramos invisíveis no cenário agrário brasileiro e trazemos aqui fortemente o papel das mulheres, inclusive vencendo as situações de violência”. E reforçou que é preciso que os homens e mulheres do campo tenham terra para continuar mudando a realidade do campo e ver como estão potencializando suas forças para garantir o acesso a terra “não vamos avançar muito se a gente não tiver terra nas mãos dos agricultores”, concluiu.

Para o coordenador Executivo da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) pelo estado da Bahia, Naidison Baptista, “os agricultores são autores e não engolem pacote, eles são um poço imenso da sabedoria”. Naidison também destacou a importância do trabalho dos comunicadores e das mulheres na preparação do encontro. “A ASA quer estar cada dia mais a serviço dos agricultores… Pela água, pela terra, por sementes boas e por qualidade de vida”, finalizou.

Ainda nesta plenária, Paulo Petersen, presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), falou do lançamento do Plano Nacional da Agroecologia, realizado pela presidente Dilma Rousseff, no mês de outubro, que tem como principal missão articular políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos com base agroecológica e representa um marco na agricultura brasileira e cujo investimento inicial será de R$ 8,8 bilhões, divididos em três anos.

Homenagem a Irmão Urbano – Ainda no primeiro momento da manhã, Naidison fez ainda uma homenagem ao Irmão Urbano, Redentorista pelo seu trabalho desenvolvido no Semiárido potencializando tecnologias especializadas quando ainda não existia a ASA. “Foi este homem que construiu tudo isso que estamos vivendo aqui com a fabricação de tela, máquina de fazer tijolos de solo de cimento, biodigestor, cisternas de placas”, disse.

Bastante emocionado, o Irmão falou: “não precisamos de cisterna de plástico, nós somos trabalhadores e não precisamos de nada de graça não”, e orientou para que este seja o discurso dos agricultores quando receberem a cisterna.

Segunda Plenária –
A manhã se encerrou com a segunda plenária, que discutiu Políticas Públicas para o fortalecimento das Redes de Agricultoras e Agricultores para a Convivência com o Semiárido. Contou com a participação do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Coordenação Executiva da ASA Paraíba.

Os agricultores terminaram as discussões mobilizados pela coordenadora da ASA pelo estado da Paraíba, Glória Batista, para dizerem não às cisternas de plásticos, que estão sendo distribuídas pelo governo no Nordeste e que poderá causar graves problemas ambientais no futuro. “As cisternas de plástico são contra a nossa política de convivência e resistência, por isso dizemos não”.

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