Pedreiros do Semiárido participam de intercâmbio sobre construção de cisternas na Argentina

Eles viajam para Córdoba onde vão trocar experiências e conhecimentos com agricultores familiares da região, que tem índices pluviométricos similares ao Semiárido brasileiro
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Pedreiros levarão conhecimento colocado em prática no Semiárido brasileiro para a região do Chaco. | Foto: Arquivo Asacom

O agricultor e pedreiro Severino Pedro de Lima, conhecido como Pedrão, já construiu mais de duas mil cisternas de placas com capacidade, cada, para armazenamento de 16 mil litros de água para consumo humano. Morador do sítio Cipoáis, na comunidade de mesmo nome, no município de Bom Jardim (PE), Pedrão recorda que começou a construir a tecnologia social pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) no ano de 2003, com apoio do Centro Sabiá e da Agroflor, organizações que compõem a rede no estado de Pernambuco.

Após dez anos acumulando conhecimento através das experiências de convivência com o Semiárido, o agricultor foi convidado para ser facilitador no curso construccion de cisternas de placa, que acontecerá de 15 a 17 deste mês, no bairro Villa Elaine, em Cruz del Eje, estado de Córdoba, na Argentina. O curso será realizado através de parceria das organizações Avina Argentina, Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), Prohuerta MDS, Profeder, Programa Nacional de Agua INTA, Ministerio de Agricultura, Ganadería y Pesca e Plan Nacional de Seguridad Alimentaria.

Além de Seu Pedro, o agricultor Geneci Ricarte da Silva, do município de Carnaíba (PE), também facilitará o curso na Argentina. Ambos serão acompanhados pelo assessor de coordenação do P1MC, Rafael dos Santos  Neves. De acordo com Rafael, o estado de Córdoba está localizado na região do Chaco (formada pelo Paraguai, Bolívia, Brasil e Argentina), onde o índice de chuvas é bem parecido com o ocorrido no Semiárido brasileiro, que varia de 200mm a 800mm. Durante a realização da capacitação serão construídas entre duas a quatro cisternas e capacitadas duas turmas com cerca de 20 agricultores/as e técnicos/as. “Politicamente, se a ASA é uma articulação, e se a rede está fortalecida e construiu uma metodologia, essas duas perspectivas no sentido das políticas públicas abrem portas. Serão três dias para capacitação, para falar do P1MC, levar materiais e conhecer também uma nova experiência”, explica.

Seu Pedrão em sua propriedade, no sítio Cipoais, município de Bom Jardim (PE) | Foto: Arquivo Centro Sabiá

A expectativa de Seu Pedrão está em sair pela primeira vez do Brasil. Ele conta que já participou de encontros e capacitações em Pernambuco, onde acompanhou pessoas da Bolívia, Estados Unidos, Chile e Peru que vieram conhecer de perto a metodologia desenvolvida para construção de cisternas. “Na Argentina quero mostrar como ela [cisterna] serve, como armazena água, [como faz] o reboco e explicar o que é o melhor pras famílias”, disse. Com esse intercâmbio, o agricultor também quer trazer o conhecimento dos agricultores/as de Córdoba para as famílias agricultoras em Pernambuco. “Quero trazer o conhecimento deles e o que fazem para repassar pra comunidade”, afirma Seu Pedro.

Parceria ASA e Programa Prohuerta – Desde o ano de 2009, o Prohuerta vem atuando junto a organizações e instituições nacionais e do Mercosul. Em Córdoba já foram construídas 75 cisternas de ferrocimento com capacidades de 5 a 20 mil litros, por agricultores/as familiares participantes do programa. Com o curso, a expectativa é trocar conhecimento e experiências entre agricultores familiares de áreas com clima semelhante ao Semiárido brasileiro e conhecer outros modelos e metodologias de construção de cisterna.

Intercâmbios internacionais – As experiências de convivência com o Semiárido da ASA já foram apresentadas em países como a África, Bolívia, Argentina, Colômbia e na região do Mediterrâneo. Em 2010, a ASA participou do Encontro Mundial do Chaco, em Assunção, no Paraguai. Organizado pela Rede Chaco, o encontro teve como objetivo unir esforços para a região, suas populações e o meio ambiente. No ano seguinte, a ASA foi representada pelo Centro Sabiá durante a Rota de Conhecimento Intercontinental, onde foi possível trocar experiências entre os atores sociais públicos e privados de diferentes territórios e países. Ainda neste mesmo ano, representantes da região do Chaco participaram do II Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores, realizado no município de Pesqueira (PE). 

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