ASA inicia formação de pedreiros e pedreiras para construção de cisternas

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 Pedreiras constróem cisternas durante capacitação. | Foto: Arquivo Asacom

Em 2007, dona Maria do Carmo de Jesus Santos, 55 anos, da comunidade de Jurema, na Bahia, começou a carreira numa área em que poucas mulheres se atrevem a colocar “a mão na massa”.  Convidada pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC), instituição que faz parte da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), ela participou de uma capacitação de pedreiros e pedreiras para construção de cisternas de placas de 16 mil litros de água. Além de muito aprendizado, o curso proporcionou a Maria do Carmo um incremento na renda familiar e ajudou a romper o preconceito de gênero, ainda muito presente nessa profissão.

“Aprender não foi difícil, com vontade conseguimos. O difícil foi a aceitação do povo. Os homens diziam que as cisternas da gente iriam cair. Mas, conseguimos, mostramos que somos capazes. Hoje, as cisternas estão funcionando e onde passamos as pessoas dizem: mulher cisterneira”, conta orgulhosa Maria do Carmo, que também é representante do Movimento de Mulheres das Trabalhadoras Rurais do município de Teofilândia.

Assim como ela, este ano, a ASA formará novos pedreiros e pedreiras através dos programas Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2). A partir do mês de maio serão realizadas, pelos dois programas, mais de 100 capacitações com cargas horárias, que variam entre 48 e 80 horas/aula para construção de cisternas para consumo humano e produção de alimentos.

A formação de pedreiros e pedreiras acontece numa conjuntura em que o governo federal e a sociedade civil caminham para a universalização do acesso da primeira água (beber e cozinhar) para as populações do Semiárido. Ao mesmo tempo há um aquecimento no setor da construção civil no país, o que tem aumentando a demanda por pedreiros no mercado de trabalho.

As grandes obras como a Ferrovia Transnordestina, que ligará os estados do Piauí, Maranhão e Ceará para transporte de carga; o Complexo do Porto de Suape, no estado de Pernambuco; o Programa Minha Casa Minha Vida, entre outros empreendimentos, têm provocado um aumento da demanda por pedreiros e pedreiras, bem maior que a oferta.

A coordenadora executiva da ASA pelo estado de Pernambuco, Neilda Pereira, reconhece os desafios, mas avalia que os agricultores e agricultoras que se envolvem nos processos de formação dos programas encontraram um diferencial. Embora os cursos exijam aulas práticas e teóricas, a perspectiva de atuação não está somente relacionada à construção das tecnologias. Não significa, simplesmente, erguer colunas, vigas, carregar placas ou fazer a massa do cimento.

“São capacitações que não mostram apenas como construir, pois são também momentos de aprendizado, de interação dessas pessoas [pedreiros e pedreiras] com as políticas que estão sendo desenvolvidas. Nos contatos com os agricultores, nos mutirões, eles também contribuem com a formação das próprias famílias, ou seja, eles ajudam as famílias a perceberem que elas têm uma oportunidade de ter uma vida digna”, afirma Neilda.

Capacitações – As turmas de pedreiros e pedreiras são selecionadas a partir da indicação da comunidade, das comissões municipais e lideranças comunitárias. As capacitações são realizadas na propriedade de uma família. Nas aulas é apresentado o passo a passo da construção das tecnologias, bem como orientações sobre o acabamento dos reservatórios, dosagem da massa, tamanho das placas, reboco, pintura, etc. Para subsidiar as formações são utilizadas as cartilhas sobre tecnologias sociais produzidas pela ASA.

Números – Até o ano de 2012, a ASA capacitou 14.771 pedreiros e pedreiras em parceria com entidades governamentais, cooperação internacional e empresas privadas. Desse total, 13.558 estão aptos para construção de cisternas de 16 mil litros e 800 para cisternas de produção. Dos que participaram das capacitações 413 também aprenderam a construir cisternas escolares.

 

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