Territórios de lutas, futuro de conquistas
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Video retrata realidade dos territórios mineiros Foto: João Roberto Ripper |
Na mesa “ Territórios de Convivência – Trajetórias de Lutas, Resistências e Conquistas para a Superação da Pobreza e Construção da Cidadania”, a beleza do rio São Francisco foi pano de fundo para o vídeo “Território do Vale do São Francisco”. Retratando a realidade de diversos povos do Semiárido mineiro, o vídeo traz depoimentos, que juntos apresentam a luta pela terra e pelo território dos quilombolas, indígenas, vazanteiros, geraizeiros, guardiões de sementes, etc.
A realidade da Chapada do Apodi foi retratada pelo grupo teatral Escarcéu. A peça misturou encenação e música, demonstrando, de maneira lúdica, o impacto do projeto implementado pelo Governo Federal, através do DNOCS, na Chapada do Apodi, que prevê a instalação de perímetros de irrigação que beneficiarão grandes empresas fruticultoras, em detrimento dos agricultores da região.
Vale salientar que a Chapada do Apodi tem um histórico de luta pela reforma agrária que data da década de 1970. Nos últimos dez anos, várias pessoas foram assentadas nessa área, dando início ao processo de convivência com o Semiárido.
As experiências apresentadas provocaram a plateia. O agricultor José Nobre, do Sítio Augustinho, em Sergipe, não se intimidou em pegar o microfone e ser o primeiro a falar. “Para mim não importa o quanto eu sei de acentuação, mas o que importa é o que eu entendo sobre a minha terra. Aqui estamos falando de agricultor para agricultor, de camponês para camponês. Não estamos falando para os doutores”. Ele também questionou: quem é que coloca alimento na mesa dos doutores? Somos nós, respondeu, recebendo aplausos do público.
Segundo Carlos Dyrell, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, a realidade apresentada demonstra a necessidade de políticas estruturantes para o Semiárido, em lugar das políticas compensatórias praticadas atualmente. “Precisamos de políticas de proteção das terras e territórios dos povos camponeses e de um projeto de revitalização socioambiental do rio São Francisco”, exemplificou.
O assessor da KAS, Adriano Martins, encerrou a manhã fazendo uma leitura política da mesa. Segundo ele, o desafio para o povo do Semiárido não é pequeno, mas ressaltou a grande capacidade que a ASA tem para se mobilizar. “Precisamos refletir sobre como nos colocamos nesse contexto de disputa”, destacou.