Cisternas nas Escolas

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cisternas de 30 ou 52 Mil Litros construídas em escolas.

681

municípios com implementações da tecnologia

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municípios com implementações da tecnologia

Objetivo

O Projeto Cisternas nas Escolas tem como objetivo levar água para as escolas rurais do Semiárido, utilizando a cisterna de 52 mil litros como tecnologia social para armazenamento da água de chuva. A chegada da água na escola tem um significado especial porque possibilita o pleno funcionamento deste espaço de aprendizado em períodos mais secos, representando também uma oportunidade de fomentar, na comunidade escolar, o conhecimento sobre as políticas de Convivência com o Semiárido.  

O projeto abrange escolas dos nove estados do Semiárido (PE, PB, AL, SE, BA, CE, RN, PI e MG) que não têm acesso à água e que foram mapeadas pelo Governo Federal ou a partir do levantamento de demanda realizado pelas instituições da ASA com o apoio do poder público local, Comissões Executivas Municipais, Conselhos de Educação e outros parceiros. Esse mapeamento inclui as escolas localizadas em comunidades tradicionais, como aldeias indígenas e comunidades quilombolas, que devem ser priorizadas nas ações do Cisternas nas Escolas.

Contexto

Em centenas de escolas rurais do País, a falta de água de qualidade, assim como de outros serviços básicos como energia e saneamento básico, são fatores que contribuem para o fechamento das escolas, para a baixa taxa de aprovação e o abandono dos estudos. Segundo o relatório Direito de Aprender, resultado de pesquisa realizada pelo Fundo da Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em 2009, das 37,6 mil escolas da zona rural da região Semiárida, 28,3 mil não são abastecidas pela rede pública de abastecimento de água.

o Censo Escolar de 2023 revela que 75% das 7,7 mil escolas sem acesso à água potável, no Brasil, estão localizadas em áreas rurais. Destaca-se que destas, 1.033 unidades estão localizadas em comunidades indígenas, 791 em assentamentos, 321 em comunidades quilombolas e 125 em povos e comunidades tradicionais. 

A chegada da água nas escolas a partir da cisterna, portanto, é fundamental para garantir às crianças o direito à água de qualidade e, consequentemente, aumentar a frequência escolar e o desempenho dos/as alunos/as. É também uma maneira de desconstruir o modelo das políticas tradicionais, a partir de uma política de distribuição e partilha da água e do conhecimento, tecendo uma outra história do Semiárido, a história da inclusão.

O Cisternas nas Escolas é um passo inicial no sentido de melhoria na situação das escolas do Semiárido, sendo um dos elementos que somarão para a busca de solução dos problemas referentes à educação na região.

Em mais de uma década, o acesso à água de beber no Semiárido virou uma política de governo e passou a ter recursos previstos no Orçamento Geral da União. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) reconhece e legitima as cisternas do P1MC como elemento de segurança hídrica e alimentar.

Metodologia

A ação, desenvolvida em territórios, começa pela mobilização da sociedade civil, comunidade escolar e poder público municipal para que todos se envolvam numa proposta que vai além de proporcionar à escola uma forma de armazenamento de água da chuva.

O maior legado do projeto é envolver todos esses atores – diretores, professores, alunos, pais, funcionários da escola, prefeitura e secretarias municipais – em torno de uma proposta que vai discutir o direito à água de qualidade, o uso sustentável desse bem e o reconhecimento das potencialidades socioambientais da região.

Dentro da sala de aula, a chegada da cisterna na escola possibilita que os conteúdos estudados tenham a ver com a realidade local. Os professores e alunos têm a oportunidade de debater sobre a questão da água no Semiárido não a partir da perspectiva da escassez e da falta, mas a partir de uma visão crítica e histórica sobre a concentração da água, fruto da forte desigualdade social da região e do país. Essa visão crítica também desmistifica a imagem do Semiárido como um local inóspito e sem vida. 

Atividades

O objetivo desta atividade é identificar comunidades sem sistemas de abastecimento regular de água potável, com nível alto de semiaridez e grande número de crianças. Essas três informações são critérios para a definição das escolas que serão contempladas pelo projeto. Nesta etapa, busca-se o trabalho conjunto com as comissões municipais – um fórum constituído por um mínimo de três organizações da sociedade civil local que faz o controle social das ações da ASA. O poder público municipal também precisa estar envolvido neste momento de levantamento de informações e mapeamento de demandas.

No projeto está previsto um conjunto de formações e reuniões com diferentes públicos. Os objetivos destes momentos vão desde o planejamento, monitoramento e avaliação do projeto, até capacitações para debater princípios e estratégias de educação contextualizada. Também estão previstas capacitações sobre a gestão das cisternas e dos recursos hídricos, debates sobre segurança alimentar e nutricional e outros temas relacionados à Convivência com o Semiárido.

Dentre as capacitações, destacam-se as Oficinas de Educação Contextualizada, espaços formativos continuados que, prioritariamente, envolvem as/os educadoras/es das escolas, que serão contempladas com o projeto. Os conteúdos pautados nestas formações vão desde a importância de pensar escolas do campo com currículos e metodologias de ensino contextualizados, aspectos socioambientais da Caatinga e do Cerrado, passando por temas transversais às políticas de Convivência com o Semiárido, como: tecnologias sociais, agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, modelos de desenvolvimento em disputa na região, até temas sociopolíticos importantes como relações raciais e de gênero e direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais.

O programa prevê encontros em diversas esferas – local, territorial e microrregional – com o objetivo de envolver os sujeitos que devem protagonizar a ação, incluindo as mães, pais, responsáveis e toda comunidade escolar e local, para que compreendam o objetivo do projeto e como ele será colocado em prática, estimulando o envolvimento da comunidade aos preceitos da Convivência com Semiárido.

Resultados

Ainda que mereça uma análise mais robusta dos reais impactos do Programa Cisterna nas Escolas e sobre sua incidência na educação do campo, a implementação da tecnologia social movimentou 7.227 escolas, em 674 municípios do semiárido brasileiro, em torno do direito à água de qualidade e seu manejo sustentável, e pela defesa das práticas pedagógicas contextualizadas à região semiárida. É possível afirmar que o mesmo proporcionou:

  1. Acesso à água para beber e cozinhar os alimentos para merenda escolar;
  2. Melhorias no sistema de captação, armazenamento e distribuição de água na escolas, melhorando diretamente o ambiente de trabalho das merendeiras;
  3. Redução na paralisação das aulas por falta de água;
  4. Formação de professoras e professores das escolas para uma educação contextualizada para convivência com o Semiárido;
  5. Formação de profissionais das escolas em gestão da água e segurança alimentar e nutricional;
  6. Experiências de mobilizações das comunidades locais e escolares no enfrentamento ao processo de fechamento das escolas do campo, a partir do conhecimento da Lei 12.960/2014, a qual estabelece que as prefeituras não podem fechar escolas do campo, indígenas e quilombolas sem consultar os órgãos normativos como os Conselhos Municipais de Educação, às comunidades escolares e às locais;
  7. Experiência de participação de equipes executoras em formações com educadores das redes de ensino promovidas pelas secretarias municipais de Educação. 

No entanto, desafios estão postos, quanto ao acesso à água na escola, e quanto à garantia de uma educação de qualidade. O fechamento/nucleação de escolas rurais é uma desses desafios que remete ao debate do direito à educação próxima à família e do papel social da escola na comunidade.

Outra questão, são as escolas que necessitam de acesso à água e que ficaram sem a cisterna escolar por falta de espaço, o que remete ao desafio de como atendê-las, em um futuro próximo.

E, por fim, o desafio de manter o debate da água e da educação contextualizada vivo no Semiárido, ampliando o acesso, alargando as práticas de convivência, e os processos de formação continuada nas escolas.

Candeeiros

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Vídeos

Cartilha

https://drive.google.com/drive/folders/1VD5Q6aScre4yHu_PXKrAn5hWEUs4NGsb?usp=drive_link

Pesquisas científicas sobre o Cisterna nas Escolas

“Os resultados obtidos mostram que o Programa realmente contribui a partir das capacitações oferecidas sobre educação contextualizada, a partir da valorização do homem do campo e da valorização do conhecimento local sobre o entendimento acerca do fenômeno da seca” – Kezia Andrade dos Santos, autora da dissertação “Programa Cisternas nas Escolas e a sua contribuição para a convivência com a seca no Semiárido brasileiro”.

Acesse o artigo “Impacto de acesso à água em escolas rurais do semiárido brasileiro sobre indicadores de infraestrutura escolar: uma avaliação sobre o Programa

Cisternas nas Escolas”. 

Programa Cisterna nas Escolas: estudo de caso na Microrregião Serrana dos Quilombos no estado de Alagoas, Brasil

https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/rbgfe/article/view/244784/35363

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