Com apoio da ASA, estudo mapeia tecnologias sociais de reúso da água e revestimento de frutas
Está disponível a nova publicação da World-Transforming Technologies (WTT Ventures) “Ciência, Tecnologia e Inovação com o Semiárido Brasileiro”. Produzido em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), o material pode ser baixado gratuitamente neste link.
Lançada no último dia 24, a publicação apresenta o mapeamento dos desafios de inovação no Semiárido e como foram desenvolvidas as tecnologias do sistema de reúso de águas cinzas e do biofilme que reveste alimentos e evita perdas pós-colheitas.
Para a adaptação à escassez de recursos hídricos do semiárido, foram mapeadas 23 tecnologias de reuso de água cinza — água residual doméstica, por exemplo, das pias de cozinha —, com potencial de solução na agricultura familiar. Tiveram destaque o sistema de Bioágua Familiar (formado por componentes como filtro biológico, tanque de reuso e sistema de irrigação) e de Reúso de Águas Cinzas (com caixa de gordura, filtro físico e tanque de reúso).
Já para reduzir a perda pós-colheita foram mapeadas seis tecnologias, como radiação de frutas e refrigeração — ambas de alto custo. Aqui, destacou-se, então, o desenvolvimento de revestimentos ativos baseados em biopolímeros para as frutas, com fácil aplicação, baixo custo e flexibilidade para uso em diferentes cultivares. São uma espécie de cobertura biodegradável, que pode estender a vida útil das frutas.
“A principal contribuição do relatório é trazer um relato de experiência de colaboração científica participativa, ou seja, da contribuição para a ciência e para a população por uma agricultura mais ecológica e integrada”, informa Gaston Santi Kremer, coordenador de Programas da WTT. “Levantamos as demandas dos territórios e conversamos com muitos agricultores, organizações sociais e pesquisadores”, acrescenta.
Olhar para tecnologias sociais com potencial para agricultura familiar — que, segundo o Censo Agro, do IBGE, corresponde a 77% dos estabelecimentos de agricultura — é importante. De acordo com relatório, muitas tecnologias de beneficiamento da produção requerem altos investimentos e são regulamentadas por uma legislação complexa, fora da realidade da agricultura familiar. Outro ponto relatado pelo documento é a utilização de insumos regionais, com prioridade para produtos típicos do bioma da caatinga.
Os autores da publicação acreditam que a ciência brasileira tem potencial de instigar práticas que vão aperfeiçoar a geração de renda de pequenos agricultores, com impactos na segurança alimentar de todo o país. Dessa forma, é necessário promover transformações nos sistemas agroalimentares que gerem segurança alimentar e nutricional para toda a população, conservem os diferentes ecossistemas e garantam renda para milhões de pessoas, especialmente as mais vulneráveis.
O relatório “Ciência, Tecnologia e Inovação com o Semiárido Brasileiro” foi realizado com financiamento da organização Porticus e com apoio do Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI), Agência Bori, Programa de Aplicação de Tecnologias Apropriadas (PATAC), Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, e as universidades Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Federal de Campina Grande (UFCG).
Com informações da Agência Bori