Casa de Sementes inaugurada em Vitória da Conquista fortalece laços familiares e comunitários
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Melquiades e Amâncio foram dois filhos de escravizados comprados ainda crianças numa feira livre do Rio de Janeiro por um casal da Bahia que não podia ter filhos. A data da vinda das crianças para essa região é até hoje desconhecida, tendo apenas uma ideia que a remete ao ano de 1816. Melquiades até então era considerado o único fundador da comunidade.
Tempos depois, o povo que descende dele reconheceu que Amâncio também foi fundador da comunidade ficando o nome atual de Lagoa de Melquiades e Amâncio. Hoje, Melquiades e Amâncio continuam vivos na vida e na história do povo da comunidade. Eles foram homenageados com uma estrutura física, a casa de sementes inaugurada nos dias 23 e 24 de julho, através do programa Sementes do Semiárido, executado pelo Cedasb. “A casa levar esse nome é reconhecer a importância dos nossos antepassados”, disse dona Rosa umas das guardiãs da casa de sementes.
Num momento lindo, eles fizeram questão de colocar à frente, no momento da abertura da casa de sementes, a matriarca da comunidade que é neta de Melquiades. Com 92 anos, a mulher conhecida como Davina é considerada uma história viva da comunidade. “Hoje, eu dedico este momento a minha vó, mulher forte, neta de Melquiades nosso antepassado que chegou neste lugar criança. É por causa dele que estamos aqui hoje”, disse Tiago, um dos representantes da comunidade e da casa de sementes.
Frutos da terra e instrumentos símbolos camponeses de resistência e luta – enxada, foice e facão – foram trazidos em caminhada até a casa, um momento celebrativo com a oração do Pai Nosso dos Trabalhadores. A casa aberta simbolizava o acolhimento, a alegria, a dança, a ginga do povo de santo, a “mandinga” do povo preto e a sua cultura forte que resiste na luta.
A programação se estendeu pela noite com as apresentações culturais. O Reisado, com uma pitada de sincretismo e a mistura do profano com o sagrado, fez todo mundo sambar à melodia da gaita e batucada do tambor.
O Reisado é uma tradição na comunidade que com a vinda da casa de sementes está sendo resgatado. “Pra nós, essa é uma casa aonde nós todos vamos se encontrar”, disse seu Gilberto morador da comunidade e um dos guardiões da casa de sementes.
A Quadrilha Junina e a Capoeiragem com o professor Mestrando fecharam a noite com uma beleza de apresentação, mostrando a diversidade cultural da comunidade e a força da sua gente linda e forte.
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