Marcha Popular em Defesa da Democracia marca 1º de maio no Recife
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Historicamente, o 1º de maio é uma data marcada pela luta das trabalhadoras e dos trabalhadores por garantia de direitos e, melhores condições de trabalho. Neste ano, não foi diferente. Num domingo de muita chuva, milhares de pessoas saíram em Marcha pelas principais ruas do Recife, capital pernambucana, para reivindicar que não haja retrocesso na democracia e nos direitos conquistados pela classe trabalhadora.
“Os direitos trabalhistas estão sob ataque. A Frente Brasil Popular, a Frente Brasil Sem Medo, estão cumprindo um papel importante na unidade do conjunto do movimento sindical, de movimentos populares, dos movimentos sociais para dar enfrentamento a essa grande ofensiva. Não é a toa que a ‘Ponte Para o Futuro’ de seu Michel Temer prevê acabar com as leis trabalhistas, com as conquistas sociais, quer reduzir o salário mínimo, precarizar as condições de trabalho”, salienta Carlos Veras, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Pernambuco.
A ação congregou representantes de movimentos sociais do campo e da cidade, sindicatos, Ong’s, além da juventude organizada, artistas e movimentos feministas. “Somos contra o golpe, pela democracia. Contra a corrupção, a nossa luta é todo dia” foi um dos gritos puxados em coro pelos manifestantes, que durante todo o percurso, que se estendeu da Praça do Derby, no centro da cidade, em direção à Praça do Marco Zero, no Recife antigo.
Além de Recife, a Marcha do 1º de maio pela Democracia aconteceu em pelo menos dez estados brasileiros e em outros países latinos como Argentina, Colômbia e Peru, e países da Europa.
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Semiárido na Marcha
Atualmente, os riscos de retrocesso de direitos ameaça o povo do campo e da cidade. Mas é na região do Semiárido brasileiro que a regressão de políticas e de programas sociais, que garantem vida digna para as famílias, pode trazer à tona uma realidade vivida há décadas, em que o povo sofreu com a falta de água e um quadro de extrema pobreza.
O educador popular, Romildo Fernando, que reside no município de Tabira, no Sertão do Pajeú destaca o temor da população em perder direitos conquistados com muita luta e que mudaram a realidade da região. “Este momento é de apreensão, luta, revolução e compromisso com as causas sociais. Eu como cidadão me sinto na responsabilidade de fazer essa defesa democrática porque os avanços no Semiárido são grandes e o que mais nos preocupa é a possibilidade de retrocesso, da ameaça do cenário obscuro de pobreza voltar. É preocupante, mas tenho esperança de mudarmos com as forças populares. Este é um primeiro de maio de luta em defesa dos direitos e da democracia!”, disse.
As políticas públicas de convivência com a região Semiárida têm garantido que milhares de famílias agricultoras tenham acesso à água para beber e para produzir; acesso a crédito e a mercados, o que garante que a população do campo tenha oportunidades de renda e de permanecer nas zonas rurais. Para se ter ideia, mais de um milhão de famílias têm água potável para beber por meio das cisternas construídas pelo governo federal em parceria com Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e outras entidades.
Nesta perspectiva, Carlos Veras reforça que a região sofre grande ameaça pela conjuntura política do país. “Agora mesmo, com cinco anos de seca, você não vê os trabalhadores passando fome, por conta inclusive de todo um conjunto de políticas, agora ameaçadas. A presidenta Dilma está sendo condenada porque garantiu recursos dos bancos públicos para o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), para garantir o Pronaf e o pleno funcionamento da Conab. O Semiárido avançou muito e tem muita coisa ainda para conquistar, mas com esse golpe é quem mais vai sofrer”, afirmou.
Para Rafael Neves, coordenador do Programa Um Milhão de Cisternas e do Programa Cisternas Nas Escolas, da ASA, “o Semiárido está vindo para as capitais porque agora a pauta é uma só. Estamos no mesmo fronte contra o modelo golpista. Vamos continuar lutando. Não aceitamos um governo Temer!”
Democratização da Mídia – um debate cada vez mais urgente
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As manifestações nas ruas têm fortalecido a emergência de pautar na esfera pública a democratização da mídia. Desde os grandes atos de 2013, vemos críticas cada vez mais acentuadas, principalmente nas redes sociais, contra as grandes emissoras de informação do país, concessionárias de serviços públicos. A maior luta é com certeza pelo aumento da pluralidade de ideias e vozes em espaços que são bens públicos. Essas emissoras fazem parte de grandes oligopólios midiáticos sediados principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo e algumas capitais. Não há regionalidade presente no conteúdo nacional, o que favorece uma leitura extremamente restrita da informação e da cultura.
Desde as eleições em 2014, as grandes empresas de mídia estão voltadas para uma cobertura parcial da política no país – em especial, uma seleção de informações e opiniões favoráveis à oposição do governo Dilma. Isso refletiu no aumento dos protestos contras essas emissoras. Na Marcha do último dia 1º de maio, faixas denunciavam o posicionamento de empresas como as Organizações Globo perante a conjuntura política do país.
A democratização da comunicação é uma bandeira de luta antiga, defendida por diversas organizações e movimentos sociais. Na continuidade dessa discussão, a Frente Brasil Popular e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) convocaram suas entidades associadas a construírem o Dia Nacional de Luta contra o Golpismo Midiático, em todo o país. O conjunto de eventos será realizado no dia 5 de maio.
Em São Paulo, um ato terá concentração em frente ao MASP, na Av. paulista, às 18h. No Recife haverá oficinas e eventos culturais durante o dia todo no Acampamento Popular Pela Democracia, na Praça do Derby. Um cortejo com presença de artistas está programado para as 19h. Em Minas Gerais, as atividades estarão concentradas na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Em João Pessoa, Paraíba, a concentração será pela manhã, às 11h, em frente ao SINTEPE. Outras diversas cidades também confirmaram programações. Na internet, a mobilização será divulgada por meio da hashtag #MonopólioÉGolpe.
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