ASA representa Brasil em eventos na América Latina que discutem a temática da água
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Nas duas próximas semanas, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) vai representar o Brasil em eventos internacionais, centrados na temática da água nas regiões semiáridas dos países latino- americanos. Nos últimos anos, organizações da sociedade civil e governos destas nações participam de um intenso movimento de intercâmbio de experiências de acesso à água. Fortalecendo esse fluxo de troca de conhecimentos nas dimensões técnica e política, várias articulações se formaram como a Plataforma Semiáridos América Latina, a Rede Chaco e a Confederação Latino-americana dos Serviços Comunitários de Água e Saneamento. Em todas estas, o Brasil é representado pela ASA e por organizações integrantes da rede.
A estada da ASA no Paraguai será de 24 a 28 deste mês e quem vai representar a Articulação é a Coordenadora Executiva da ASA pelo estado de Minas Gerais, Valquíria Lima. Em terras paraguaias, Valquíria vai compartilhar a estrutura política da rede, sua experiência de gerenciamento de recursos públicos, a relação com o setor privado e a participação da rede na construção de políticas públicas de acesso à água não só para consumo humano, como para produção de alimentos.
A ida ao Paraguai faz parte de uma relação que vem se estabelecendo há algum tempo entre os dois países. Em janeiro de 2014, uma comitiva do país, integrada pelo Ministro de Emergência Nacional, visitou comunidades rurais dos municípios pernambucanos de Pesqueira e Buíque para conhecer a ação da ASA, o envolvimento das comunidades na defesa do direito de acesso à água e a integração das tecnologias sociais na vida das famílias agricultoras. Em 2010, a ASA esteve em Assunção, capital do Paraguai, para participar do Encontro Mundial do Chaco.
“Vejo que esse potencial que a ASA tem de ser uma referência para nossos países vizinhos nos possibilita estreitar laços com os países da América Latina, nos permite estar em espaços de articulação política, para que juntos, quem sabe , se possa pensar em ações comuns no campo da convivência, da sustentabilidade , da construção de políticas públicas de acesso e gestão das águas”, ressalta Valquíria.
Em junho passado, Glória Araújo, integrante da Coordenação Executiva da ASA pelo estado da Paraíba e coordenadora do Patac (PB), e Carlos Magno, coordenador local do Centro Sabiá (PE) – organizações de fortalecimento da agricultura familiar agroecológica e integrantes da ASA – participaram de um encontro na Argentina da Plataforma Semiárido Latino Americano. Nele, houve uma reunião paralela com representantes do Paraguai. “A conversa girou em torno da possibilidade de conseguirmos recursos do Mercosul para o fortalecimento da agricultura familiar praticada na região semiárida dos dois países”, conta Glória Araújo.
O Chaco paraguaio tem características semelhantes as do Semiárido brasileiro, especialmente em relação ao clima e à população dispersa. Cerca de 40% da população não têm acesso à água potável e metade da população com acesso é por meio das juntas de água, que são associações comunitárias formadas por 200 a 300 famílias que atuam na descentralização da gestão deste recurso. Há cerca de 2.500 juntas atuando nesta região do Paraguai.
Chile – De 2 a 4 de setembro, o Coordenador da Executiva Nacional da ASA pelo estado do Piauí, Carlos Humberto Campos, participará do 6º Encontro Latino Americano de Gestão Comunitária de Água, que acontecerá na região de Valparaíso, no Chile. A ASA esteve presente em todas as edições anteriores através do apoio da Fundação Avina. A partir de 2012, quando se criou a Confederação Latino-Americana de Organizações Comunitárias de Serviços de Água e Saneamento, composta por 15 países, a ASA tem representado o Brasil nas assembleias da Confederação que se realizam um dia antes do início do encontro internacional.
Para Carlos Humberto, participar deste evento é importante para dar mais visibilidade à experiência de acesso à água desenvolvida no Brasil pela ASA, compartilhar como acontece a parceria entre o governo brasileiro e ampliar o debate da água na perspectiva da produção de alimentos. “A parceria da Fundação Avina tem potencializado o intercâmbio da ASA com os demais países da América Latina”, reconhece Carlos Humberto.
O objetivo principal do encontro é justamente promover o intercâmbio entre as iniciativas de acesso à água nos países latinos americanos, facilitando um espaço de aprendizagem de novas práticas com o intuito de melhorar a gestão das Organizações Comunitárias dos Serviços de Água e Saneamento (OCSAS).
Outro objetivo do Encontro é a reflexão sobre o cenário mundial de escassez hídrica, que representa uma grande ameaça à saúde e à sobrevivência do ser humano e do ecossistema. Nas semanas que antecedem o evento, os periódicos chilenos estão publicando artigos e cartas que refletem sobre vários fatores que influenciam este cenário de crise.
No artigo “As ameaças que afetam a água para consumo humano nos campos chilenos”, publicado em portais e blogs, destaca-se a inexistência de uma legislação específica que protejam o serviço oferecido pelas organizações comunitárias que gerenciam a água potável das comunidades rurais como um fator de fragilidade diante do avanço das grandes transnacionais, que estão privatizando, contaminando e exportando a água do país.
Numa carta escrita pela Diretora Executiva do Programa Chile Sustentable, Sara Larraín, para o blog El Mercurio, ela aponta que a “pressão sobre os recursos hídricos fazem como maiores vítimas as comunidades rurais, que ficam sem água devido à grande exploração das fontes superficiais e lençóis freáticos. Muitas destas fontes e reservas não se recuperam e geram um processo de degradação das bacias hidrográficas e, com isto, impossibilitam que as economias locais subsistam em territórios sem água.”