Experiência da ASA é partilhada em encontro com jornalistas
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“Eu conheci a ASA quando tinha 14 anos, quando comecei a participar das reuniões de mobilização na minha comunidade. E assim fui participando das mobilizações, reuniões, atividades que iam acontecendo. Às vezes me afastava mais, quando tinha filho, mas sempre voltava a participar das atividades. Aí apareceu a oportunidade de fazer o curso das mulheres quilombolas cisterneiras e eu disse que ia fazer. Mas também pensei em desistir e quase desistia. Eu tive preconceito comigo mesma, porque eu queria desistir. Porque disseram lá no meio de todo mundo na comunidade que não queria sua cisterna feita por mulher. Aí foi quando eu disse: eu sou mulher e vou em frente!”.
Assim a agricultora Iranilda Catarina da Silva, da comunidade quilombola de Acauã, em Poço Branco, no Rio Grande do Norte, começou a partilha de sua experiência no 9º Encontro de Jornalistas, realizado pela Fundação Banco do Brasil (FBB), em Brasília-DF, na última quinta-feira (13). No encontro a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) apresentou sua experiência em uma roda de conversa sobre a implantação de cisternas no Semiárido, inclusão social e empoderamento comunitário. A apresentação contou também com a apresentação de Tarzia Medeiros, da ASA Potiguar. Ela chamou atenção para a imagem de Semiárido viável que a ASA vem ao longo de seus 15 anos de atuação ajudando a construir. “Com o surgimento da ASA surge uma outra imagem do Semiárido, em contraposição a ideia do combate à seca. Existem muitos latifúndios em nosso país, o da educação, o da comunicação e o da terra e da água também”, pontuou.
Tarzia também explicou como se dão as ações da ASA e como a comunicação tem um papel importante e estratégico na mobilização social. “As ações da ASA vem pra visibilizar o protagonismo das pessoas do Semiárido, e por isso sua ação parte da mobilização e não apenas da construção de tecnologias. A ASA tem uma outra forma de conceber a comunicação, que é a comunicação popular como instrumento importante para a convivência com o Semiárido”, disse. Também foi apresentado um trecho do vídeo Mulheres Cisterneiras Transformando o Semiárido, da Techne, organização da ASA. Para acessar o vídeo clique aqui. O vídeo conta a experiência de capacitação das mulheres quilombolas da comunidade de Acauã para construção de cisternas de 52 mil litros do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da ASA, entre elas Iranilda Catarina.
“Eu que pensei em desistir consegui fazer cinco cisternas na comunidade e agora eu quero fazer o curso de cisterna de 16 mil litros”, explica a agricultora, que agora também é cisterneira e percebe na construção de cisternas uma oportunidade de geração de renda, mas também de enfrentamento do preconceito. Iranilda também partilhou a experiência de produção de alimentos da comunidade de Acauã com a chegada das cisternas do P1+2.
“Todo mundo na comunidade tá comendo bem porque já tem macaxeira, tem feijão… E a gente não usa veneno. Quando eu vejo o pessoal falar de veneno eu falo: para! De um ano pra cá já tem gente com sua renda própria que antes não tinha. Tem gente vendendo na comunidade, tem gente ganhado um dinheirinho. Estamos caminhando. Antes da ASA chegar a gente não era visto como gente não, era só negro do Acauã. Eu tenho orgulho de ser quilombola. Eu tenho orgulho, eu sou negra mesmo. A ASA não tem preconceito com a gente não. Quando vocês quiserem ir lá olhar podem ir que vão se surpreender. A ASA não trouxe só água trouxe o banco de sementes. A ASA veio abrir nossos olhos. ”, disse Iranilda, fazendo o convite aos jornalistas para conhecer a experiência de convivência com o Semiárido da comunidade quilombola de Acauã.
O 9º Encontro de Jornalistas reuniu por três dias jornalistas de diversos veículos de comunicação de todas as regiões do país. Cerca de 80 profissionais da área participaram de conferências, rodas de conversa e visita à experiências apoiadas pela FBB. O encontro teve como tema o “Protagonismo social: a comunicação para transformar realidades” e foi realizado entre os dias 12 e 14 de agosto.
Parceria – A ASA e Fundação Banco do Brasil são parceiras da na ação de implementação de tecnologias sociais no Semiárido Brasileiro. Com apoio da FBB, a ASA já implementou 80 mil cisternas de capação de água para consumo humano do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e 12 mil tecnologias de armazenamento de água para a produção e alimentos do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).