Cáritas Diocesana de Sobral discute atuação e participação feminina no Semiárido

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Foi bastante significativo o encontro de mulheres realizado pela Cáritas Diocesana de Sobral nos dias 17 e 18 de junho no Centro de Treinamento do Sumaré – Centresum. Participaram cerca de 25 mulheres dos municípios onde o projeto redes ECOFORTE tem atuação. O evento teve como principal objetivo refletir sobre a atuação das mulheres, no contexto do trabalho produtivo e reprodutivo desmistificando a naturalização das relações desiguais de poder desenvolvidas entre homens e mulheres e as consequências disso para a vida das mulheres e para o modelo de desenvolvimento rural. O encontro teve inicio em torno da mística de espiritualidade e acolhida conduzida por Liliane do MIM/ Movimento Ibiapabano de Mulheres, onde com sorrisos e abraços todas se acolheram.

No momento de apresentação foi perceptível nas falas o destaque das mulheres do Semiárido nos processos comunitários, através dos relatos de historias de luta e resistência, partilhando seus saberes, e construindo com ternura “o nosso chão”. Na sequencia foi realizado um trabalho onde cada participante desenhou o seu “arredor de casa” indicando sua área de atuação produtiva; no momento de socialização foi partilhado um pouco de suas vivências cada uma com sua individualidade, mas uma realidade bem parecida. Nos quintais apontaram principalmente as tecnologias de convivência com o semiárido, a criação de pequenos amimais e uma variedade de plantas nativas, frutíferas e medicinais.

Na roda foi ainda discutido a cerca do uso dos agrotóxicos como coloca Dona Idenilda da comunidade de morgado, Município de Massapê a importância da conscientização dos agricultores e agricultoras: “Em nossos quintais a historia do agrotóxico não existe! isso para nós é uma das maiores riquezas, algumas vezes você consome algo que não sabe que é. O habito de consumir alimentos saudáveis esta se perdendo. Na nossa comunidade a gente vem tentando conscientizar a cerca das queimadas, mas quanto ao uso dos agrotóxicos as pessoas já estão conscientizadas e tem clareza das consequências do uso” afirmou.

Houve um momento de dialogo a cerca do aprofundamento de algumas questões como Gênero: construção social do que é ser homem e ser mulher de acordo com o contexto histórico, Feminismo: movimento de mulheres, organizado pelas mulheres, para as mulheres. Mulheres na Política – espaço público e privado, Participação política das mulheres visando estimular as mesmas a reconhecer e valorizar as iniciativas de auto-organização que existem na comunidade, para fortalecer seus processos de gestão, e o protagonismo e participação política na sociedade.

O segundo dia do encontro teve inicio com uma roda de dança, seguido do momento de conversa sobre a temática do dia: mulher e a agricultura familiar no semiárido, através do seu ao redor de casa. Na sequência foi visto o vídeo sobre economia solidaria onde se destacava a participação/atuação feminina nos processos e sua maneira de fazer agroecologia, sendo esta uma nova cultura humana, ecológica e produtiva.

Outro momento iniciou-se conduzido por Cristina também do Movimento Ibiapabano de Mulheres, tratando sobre sementes crioulas e sua importância para a segurança alimentar e nutricional das famílias, além das características sociais, ambientais e políticas do semiárido, destacando o papel dos agricultores principalmente das mulheres campesinas nos cuidados com as sementes que tem sido responsáveis pela manutenção da biodiversidade, de cultivos, conservação e melhoramento das sementes.

No findar do encontro após o momento de avaliação e mística de envio, todas foram contempladas e envolvidas com o poema de Rita de Cássia da comunidade de Riacho do Massapê que diz:

UMA TAPINHA NÃO DÓI… DÓI SIM!

Dizem que em mulher não se bate, nem mesmo com uma flor, mas há uma contradição na história do “AMOR”.
Agora pra vocês um conto vou contar, como os homens querem que as suas mulheres devem se comportar.
Perante a sociedade bem limpa e vestida deve está, dentro de casa é no fogão, lavando e passando e nenhuma decisão ela pode tomar.
Passa o dia todo em casa, faz todos os seus afazeres a espera do marido para satisfazer seus prazeres.
Sabemos a dificuldade de acabar com essa maledicência, pois a cada dia e hora uma mulher sofre uma violência.
Seja física ou emocional, psíquica ou sexual, uma atitude devemos ter e não importa de onde venha. Vamos! Procure logo mulher, a lei “MARIA DA PENHA”.
É ela que vai te proteger de qualquer situação, basta que logo vá denunciar tal ação.
Já estou terminando e meu conselho de mulher eu quero dar, pois tenho certeza que um dia toda essa violência vai acabar.
Preste muita atenção, não aceite, por favor, apanhar! Nem com uma flor. Pois suas pétalas podem ate ser macias, mas pode ser que os espinhos de seu caule ela deixe.

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