Alunos do colégio Santa Cruz, de São Paulo, visitam Semiárido piauiense e se maravilham com tecnologias de captação de água

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Alunos do colégio Santa Cruz, do estado de São Paulo, visitaram o Semiárido Piauiense e se encantam com os impactos das tecnologias de captação de água na comunidade quilombola Lagoa das Emas, no município de São Raimundo Nonato, no semiárido piauiense.

O Colégio Santa Cruz, um dos mais conceituados colégios privados do estado de São Paulo, promove a cada ano um projeto de pesquisa de campo com seus alunos e alunas, com intuito de conhecer os biomas brasileiros. Desde o ano de 2010, escolheram o bioma da caatinga para aprofundar conhecimento, tendo como objeto de estudo o Parque Nacional Serra da Capivara e sua biodiversidade, cultura, e as comunidades do entorno. Este ano, vieram também com intuito de conhecer os impactos das tecnologias de captação de água  nessas comunidades e como se dá a convivência com o Semiárido. “Este ano, o objetivo é estudar a ocupação do espaço, o impacto do Parque Nacional Serra da Capivara, estudar o que isso mexeu com as comunidades locais, o que favoreceu e o que não favoreceu”, diz o professor Marcelo Poletto.

As comunidades escolhidas para a visita foram o Assentamento Novo Zabelê e comunidade quilombola Lagoa das Emas, no município de São Raimundo Nonato. Os alunos queriam entender como é o processo de organização dessas comunidades, modo de vida, a relação com o Parque, cultura e a convivência com o Semiárido. Eles/elas foram recepcionados com alegria pelos moradores da comunidade, que falaram de suas lutas, conquistas, dentre elas, o acesso à água de qualidade através dos programas P1MC e P1+2, e os impactos que a conquista da água trouxe a comunidade. Abordaram também o incentivo a organização comunitária e a formação política das famílias, além da produção orgânica no quintal de casa que garante alimentação de qualidade e fonte de renda familiar.

Falaram ainda das ameaças como os grandes projetos: mineração e carvoarias, e, os alunos puderam observar a dinâmica da comunidade. “Vir aqui tem diversos impactos: o primeiro é da convivência, entender que as pessoas convivem com o Semiárido, convivem com a caatinga de uma forma diferente do que a gente imagina quando a gente está em São Paulo; a segunda é o impacto cultural, que é muito forte, entender o que acontece aqui: a produção de cultura, isso favorece demais o desenvolvimento de nossos alunos, e, o  terceiro é político, é entender que para transformar o Brasil a gente precisa distribuir renda, a gente precisa entender que as realidades são diferentes e que não existe um modelo, mas sim os modelos que se adaptam a cada comunidade”, disse o professor Marcelo Poletto.

Logo após o momento da conversa, da interação dos alunos e comunidade, os alunos foram conhecer de perto a cisterna da primeira água e a da segunda água (Cisterna calçadão) da Dora, moradora da comunidade Lagoa das Emas, que também mostrou com orgulho sua horta orgânica e suas frutíferas. “Foi muito importante ver como as pessoas recebem a gente, percebo como elas ficam animadas quando falam nas cisternas, achei muito interessante saber dessa melhora que teve desde que chegou a cisterna na comunidade, como diminuiu os casos de doenças depois que receberam a cisterna e passaram a ter água de qualidade”, diz Valentina, 14 anos, aluna do Colégio Santa Cruz.

Os alunos e professores do colégio ficaram encantados com as cisternas e com a produção de dona Dora. “O que mais me impressionou aqui é como as pessoas são fortes em lutar com a seca, isso diferencia muito de São Paulo e também dos modelos de fazendas que a gente viu, porque nas fazendas eles dependem totalmente das barragens, se baixar o nível de reservatório, eles não tem mais o que fazer. E eu fico impressionado como as pessoas aqui com quase nada de recurso conseguem sobreviver, faço uma comparação com São Paulo, lá chove quase todos os dias e falta água, a gente desperdiça essa riqueza, isso admiro muito na população do Semiárido: todos lidam muito bem com a seca, mesmo passando as vezes por dificuldades, pois o governo não é nada presente e ainda vemos uma presença muito forte de coronelismo aqui, mesmo assim o povo é batalhador, luta e isso temos que tirar o chapéu. Achei fantástico essas cisternas, em São Paulo estamos vivendo essa crise enorme de água e chove todos os dias e a gente não tem como armazenar essa água e aqui no Semiárido é difícil chover e as pessoas armazenam. Então vamos analisar, aqui que não chove tem água e lá que chove todos os dias não tem. E além do mais aqui tem as paisagens mais lindas do Brasil, para mim foi um momento único quando estava no parque vendo aquela vista, essa vinda aqui mudou totalmente minha forma de ver o Semiárido. Então gostaria de parabenizar o povo do semiárido pela força e sabedoria da convivência”, conta Felipe, 15 anos, aluno do Colégio Santa Cruz.

“ É impressionante como os meninos saem daqui comovidos, percebem que a felicidade existe além do consumo, além da cidade grande, percebe que as pessoas tem muito para oferecer para a gente, não é só quem é do sudeste que tem o que oferecer para o resto do Brasil. A gente vive hoje um problema seríssimo de falta de água em São Paulo, inclusive nosso problema de água está mais sério que o problema aqui do Nordeste, exatamente por esse mau uso da água, por um consumo excessivo e por uma má distribuição da água. Então entender que as pessoas aqui nesse lugar que aparentemente não tem água, conseguem encontrar soluções, como a cisterna, agora conhecendo o calçadão, isso para eles é fundamental para a gente perceber que existem soluções que tem a ver com reduzir consumo, consumo consciente, e com as alternativas tecnológicas que são diversas e aqui a gente está aprendendo demais”, avalia o professor Marcelo Poletto.

 A comunidade Lagoa das Emas também se sentiu muito feliz por receber essa visita.
 

 

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