Produzindo alimentos de qualidade com sustentabilidade na agricultura familiar
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As/os visitantes foram recebidos por toda a família e ouviram o relato inicial na frente da casa (fotos: Ronaldo Eli / ASACom) |
No ônibus, antes da partida, o professor Genival Barros já orientava a todas/os que estavam presentes sobre a importância de ter uma postura participativa na atividade: intercâmbio é uma troca de conhecimentos. Então, era muito importante que fossem feitas perguntas, e também que se garantisse a reciprocidade, compartilhando o que se sabe. Ele falava às/aos estudantes, agricultoras/es e técnicas/os participantes do intercâmbio realizado no último dia 24, como parte do V Seminário do Neppas – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Práticas Agroecológicas do Semiárido.
O grupo visitou a propriedade da família de Genival Silva no Assentamento Lajinha, em Serra Talhada (PE). Depois de ser recebidas/os por toda a família, as/os participantes foram conduzidas/os em uma visita guiada onde puderam conhecer as técnicas e tecnologias utilizadas. Acompanhada pelo CECOR – Centro de Educação Comunitária Rural, a família usa diversas estruturas para potencializar a produção familiar sem utilizar agrotóxicos.
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A bomba-rosário não era uma tecnologia conhecida pelos/as visitantes |
Cícero Silva, filho de Genival, relata que “tudo começou como uma brincadeira”, com uma tentativa de produzir hortaliças para consumo da própria família. Utilizavam uma bomba-rosário para distribuir a água do poço, e a produção foi crescendo. Aos poucos, começaram a comercializar, inicialmente na comunidade, e posteriormente na Feira Agroecológica de Serra Talhada, onde estão há quatro anos. Genival diz que chegou a chamar o filho de doido. “Mas depois eu entrei na doideira, e aí foi que ‘endoidiçou’ de vez”, completa o agricultor, rindo e arrancando risos de todas/os.
Além da bomba-rosário, a família conta com cisternas de 16 mil litros e uma cisterna-enxurrada, minhocário, biodigestor e tanque de biofertilizante para manter uma pequena plantação de frutas, verduras e legumes. À plantação, se soma a criação de suínos, caprinos e bovinos. Hoje, a produção gera alimentos e renda que mantém toda a família.
Ao final, todas as avaliações foram positivas. Severino Pedro de Lima, de Bom Jardim (PE) destacou que a experiência visitada e a dele próprio mostram que o agricultor, “mesmo com uma pequena área de terra, na agroecologia, tem como viver sem depender do fazendeiro”. Hugo Felipe da Silva, de Cumaru (PE), ressaltou: “Essa experiência mostra que é possível sim, ter uma vida digna no Semiárido.”