Encontro com Comissões Municipais marca início do Projeto Sementes do Semiárido no Vale do Jequitinhonha
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As sementes crioulas são mais resistentes e adaptadas às condições climáticas do Semiárido Foto: Regiane Ferreira | Arquivo: Cáritas MG |
No dia 15 de abril, aproximadamente 20 pessoas representantes das comissões municipais dos seis municípios onde serão implementados o Programa Sementes do Semiárido estiveram na cidade de Araçuaí. A atividade teve como objetivos discutir a problemática das sementes na região do Vale do Jequitinhonha, bem como trocar experiências entre os guardiões e guardiãs da agrobiodiversidade e discutir os critérios de escolha das comunidades onde serão implementadas as casas de sementes. O encontro também foi uma oportunidade para planejar a execução do projeto, assim como debater o papel das comissões municipais na execução do projeto. No Vale do Jequitinhonha (MG), os municípios atendidos serão Turmalina, Veredinha, Araçuaí, Itinga, Almenara e Felizburgo.
De acordo com Rodrigo Vieira, secretário da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, o encontro foi um importante momento para que as comissões municipais entendam o objetivo das Casas de Sementes em seus municípios. “As Comissões municipais já saíram com a data dos encontros marcadas, lembrando que o trabalho da Articulação Semiárido (ASAs municipais) será um braço forte na execução deste projeto”, disse.
Para a coordenadora do projeto no Vale do Jequitinhonha, Cléia de Fátima Silva, da Cáritas Diocesana de Araçuaí, o Programa Sementes do Semiárido, da Articulação do Semiárido (ASA), em parceria com o governo Federal, é uma grande conquista para os agricultores e agricultoras, uma vez que as sementes crioulas, além da preservação do patrimônio genético e resgate dos saberes tradicionais, possuem papel fundamental nas condições de Semiárido dentro dos processos produtivos dos camponeses e camponesas. “Elas são mais resistentes e adaptadas às condições climáticas da região diminuindo as perdas em decorrência da escassez de chuva e promovendo uma agricultura limpa, saudável e com menores custos”, ressalta.
Para Valteir Soares, guardião das sementes do município de Itinga, a troca de sementes entre as famílias agricultoras é que tem garantido, apesar das mudanças climáticas, a soberania alimentar e autonomia das famílias na construção dos seus sistema produtivos.
Segundo João Eudes Prates, técnico do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araçuaí, comenta que o ponto forte foi a roda dos guardiões. “Vir cá e ver tanta gente com experiência, vivenciando a prática da semente crioula me fez sentir que estou no lugar certo”.
Programa Sementes do Semiárido
Além da implementação de 16 Casas de Sementes, na região do Vale do Jequitinhonha, o projeto prevê atividades de formação, intercâmbios e fortalecimentos dos processos de guardiões e guardiãs de sementes crioulas, distribuição de sementes com o compromisso de quem adquirir as sementes, terá de devolver uma parte à Casa, após a colheita. O programa irá construir 640 bancos de sementes crioulas nos estados da Bahia, Minas Gerais, Sergipe, Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba, executado por de 22 organizações em todo semiárido brasileiro, beneficiando 12 mil famílias.
Em Minas Gerais, o projeto será executado no Norte de Minas pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA) e parceiros locais. Já no Vale do Jequitinhonha, o projeto será implementado pela Cáritas Brasileira Regional Minas em parceria com as Cáritas Diocesanas de Araçuaí e Almenara, bem como o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV).