Rede de Comunicaresas da ASA/SE apresenta experiência

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Daniela Bento, comunicadora da ASA apresentando a experiência | Foto: arquivo Sasac

A rede de comunicadores do Estado de Sergipe participou ontem, dia 15, de uma roda de conversa com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O encontro aconteceu no Centro de Formação Canudos, situado no assentamento Moacir Wanderley (povoado Quissamã), no município de São Cristovão.

O convite partiu de Jorge Montalván Rabanal, dirigente do Movimento que, segundo ele, viu nos acúmulos da ASA a possibilidade de ajudá-los a dar mais visibilidade às experiências do campesinato através das sistematizações em boletins.

Assim, de forma descontraída foram apresentadas algumas experiências da ASA ao longo de seus 15 anos de atuação, com um enfoque para os boletins Candeeiros. Um primeiro elemento trazido pela rede foi sobre a comunicação enquanto direito, a importância da democratização da mídia e, portanto, a comunicação como estratégia política. Compreendido isso, surgem algumas questões: O que é sistematização popular? O que queremos sistematizar? Por quê e para quem?

Se a ideia é dar voz aos camponeses e camponeses, não devemos falar por eles e elas. Do mesmo modo não podemos agir como a comunicação convencional que pré-seleciona o que e quem terá voz. Precisamos compreender que o campo é composto por homens, mulheres, jovens, crianças, negros, negras, índios, gays, lésbicas, viúvas, viúvos, etc e que todos e todas possuem experiências, sabedorias a espera de quem as transforme em palavras e histórias para a posteridade. Portanto, precisamos se despir das nossas certezas, convicções e nos permitirmos a novas descobertas.

Contudo não podemos esquecer que a história é do outro, não cabe interferência do sistematizador/a, tipo: eu acho, eu penso, para mim, entre outras. Precisamos valorizar e respeitar o que a família quer contar, dizer, compartilhar. Se há alguma controvérsia, ela precisa ser debatida e questionada no momento da construção com a família.

A rede apresentou alguns passos metodológicos praticados pela rede no ato de sistematizar. Preferencialmente gravar a conversa com o agricultor, isso possibilita uma maior fidelidade ao que de fato foi dito pelo entrevistado, ao mesmo tempo em que dá ao sistematizador/a a possibilidade de perceber mais elementos a serem trabalhados.

Validar o texto com a família antes da publicação, ou seja, ler para família para que ela julgue se ela se reconhece nele.  Sempre que possível marcar com a família uma data para fazer as fotos, deixar que a família se arrume e nunca achar que isso não tem importância, afinal de contas é imagem dela. Também é razoável que ela escolha aquelas imagens que julgue que melhor ficaram. Criar um momento na comunidade, grupo, associação para a entrega do boletim, isso colabora para a visibilidade da experiência na comunidade e é uma forma de comunicar para dentro.

Como encaminhamento, a rede se comprometeu a realizar com o grupo, em outro momento, uma oficina de sistematização popular. E para finalizar, a rede destacou que para se tornar um bom sistematizador/a, antes de tudo, é necessário encantar-se pelas histórias. Dar vida e cor a isso tudo é o que torna esse ofício fascinante.

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