8 de Março e a luta das mulheres nordestinas no campo
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D. Netinha: “Muitas dizem assim: eu ajudo meu marido. Ajudo não, eu trabalho. A mulher é quem mais cuida da horta, é quem mais cuida da casa, cuida da ração de uma cabra, de uma ovelha” |
As mulheres do campo têm as suas histórias marcadas pela resistência. E a Agroecologia contribui no empoderamento das agricultoras, em coletivos ou participando de projetos organizados por grupos da sociedade civil, essas mulheres mostram que são donas de suas vidas.
Dona Netinha, da comunidade Lagoa da Volta, localizada no semiárido sergipano, nos conta pouco de sua experiência com a naturalidade de quem tem uma verdadeira ligação com a terra: “Agroecologia é uma coisa muito bonita. Eu fui inspirada em meu pai, fui criada na roça. Meu pai nunca usou veneno. Eu fui criada com uma alimentação saudável, com leite de cabra, milho, feijão, arroz, tudo plantado na terra da gente. Eu sempre gostei muito da terra, meu pai dizia: você era pra ter nascido homem. Porque a única filha que acompanhava ele pra catar um feijão era eu. Apesar de eu não ser homem”.
Hoje, essa mulher é exemplo para muitas outras. Dona Netinha é uma das principais articuladoras da Associação de Mulheres Resgatando Sua História, grupo que através da Agroecologia organiza e estimula mulheres a fazerem, das suas histórias individuais, experiências que contagiam a comunidade.
Ao seu modo, é certeira quando fala sobre os direitos das mulheres, “a mulher foi quem descobriu as sementes, então assim, sem feminismo não há Agroecologia. É uma frase muito bonita e as mulheres têm que ter o empoderamento de dizer assim: “Eu sou mulher, mas eu posso tudo”, garante Dona Netinha.
ASA e a Conquista das Mulheres – “Muitas das conquistas vieram com as ações a ASA, que orientou muito as mulheres a estarem no campo. Muitas dizem assim: eu ajudo meu marido. Ajudo não, eu trabalho. A mulher é quem mais cuida da horta, é quem mais cuida da casa, cuida da ração de uma cabra, de uma ovelha. O homem vai, trabalha na roça, no pesado e tudo mais, mas quando chega em casa vai dormir. A mulher não, trabalha da manhã até a noite. Tem uma criança pra dormir, ela vai cuidar da criança à noite”. O relato trazido por Dona Netinha foi e ainda é realidade para muitas mulheres do meio rural. Constatações que somente reforçam a necessidade da luta por direitos iguais para homens e mulheres.
Para Dona Netinha ainda são muitos os desafios, as mulheres do campo certamente estarão juntas construindo sonhos possíveis, sempre em busca da manhã desejada. “As políticas públicas ajudaram muito as mulheres a se desenvolver. Mas, ainda têm muitas mulheres precisando, temos que buscar elas. Não só as mulheres, é preciso chamar os homens também, para orientar os dois. Quando promovemos os cursos é 50% mulher e 50% homem. Os homens às vezes reclamam dizendo que a gente está muito mandona, mas nós amansamos eles e pronto” finaliza.