“A Educação contextualizada vai nos ajudar a produzir cidadãos”, afirma Rossicleide Silva
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A Articulação no Semiárido – ASA- realiza, através do Projeto Cisternas nas Escolas, a Oficina Pedagógica de Educação Contextualizada, entre os dias 03 a 06 de março em Juazeiro da Bahia. A Oficina tem como objetivo construir coletivamente passos metodológicos que contribuirão com as atividades que serão desenvolvidas junto às escolas rurais no Semiárido. Participam do encontro monitores(as) pedagógicos de trinta organizações que fazem parte da Articulação.
O Programa é uma parceria entre a ASA e Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS). Para entendermos melhor a concepção, os desafios, expectativas da construção do Cisterna nas Escolas, entrevistamos Rossicleide Silva – Diretora de Estruturação e Produção do MDS.
ASACom: Tendo em vista essa parceria de longo tempo que a Asa vem desenvolvendo com o MDS na luta pelo acesso á água, como tem sido a concepção do programa Cisterna nas Escolas, diante desse desafio de construir o acesso á água em junção com a educação contextualizada do campo?
Rossicleide: O MDS tem sido provocado em relação a assumir junto com o MEC, na área especificamente da educação do campo, uma ação para as escolas rurais, dentro desse tema “água”. Junto com outros parceiros da sociedade civil, nós fizemos, então , uma análise do senso da educação e vendo o tamanho dessa necessidade e a partir daí que resolvemos executar essa ação, convidando a ASA, que é que tem mais expertise, já vem executando esporadicamente experiências de cisternas nas escolas, então resolvemos fazer essa parceria com a ASA.
São 5 mil cisternas nesse projeto. Segundo o senso do MEC, que foi quem nos orientou, essas 5 mil cisternas correspondem a 50% das escolas do semiárido brasileiro sem água, ou sem estoque de água para os seus alunos.
A.: Para o Ministério (MDS), como a educação contextualizada do campo contribui para o desenvolvimento social do país, em especial do semiárido brasileiro?
R.: Um dos elementos da educação contextualizada que o Cisterna nas Escolas traz é, um elemento fundamental que é convivência com o semiárido. E, a partir disso, todas as circunstâncias em que o viver no semiárido se inclui. Então a Educação contextualizada vai nos ajudar a produzir cidadão, e não só produzir, mas no sentido de construir novas perspectivas para os estudantes, os professores e toda a comunidade escolar sob esse ambiente que é semiárido brasileiro. Nós acreditamos que é uma parceria interdisciplinar, é uma parceria complexa, porque ela vai misturar muitas questões de fundo da sociedade brasileira, e da sociedade rural, especificamente. Mas nós estamos muito felizes de podermos estar dentro desse desafio.
A.: Dentro dessa complexidade que o Programa aborda, como está sendo o diálogo com os ministérios, essa construção comum entre os ministérios?
R.: O MDS executa o Programa Cisterna como um todo dentro do Programa Água Para Todos, uqe é uma ação governamental que envolve vários ministérios, que envolve a FUNASA, o Ministério da Saúde… e no caso do Cisterna nas Escolas, entra conosco o Ministério da Educação e a Educação no Campo. Nós temos feito um diálogo afinado nesse sentido de compreender quais são as especificidades desse local para bem realizar essa ação de forma que contemple o acesso á água e favoreça o desenvolvimento de uma educação dentro do contexto do campo.
A.: Diante de tudo isso, quais são as expectativas para a execução deste Programa?
R.: Nossas expectativas são boas, no sentido de quê a ASA tem executado parcerias que tem gerado bons frutos para a sociedade. É também uma perspectiva desafiadora , porque é um projeto em larga escala, porque a gente não tinha executado desse tamanho. Acreditamos que isso vai definitivamente modificar a vida nessas escolas, nesse lugares onde essas cisternas serão implantadas e esperamos que até o final de 2016 a gente tenha concluído essa etapa. Os educadores são parte essencial desse processo, que estão na ponta no dia-a-dia e que vão a cada dia ajudar não só a construir cisternas, mas a construir sonhos, ou novos sonhos para essas pessoas a qual a cisterna está beneficiando.
É com o espírito de construir uma nova visão sobre o semiárido, valorizando os saberes, fazeres e da cultura local que a ASA assume este desafio, fazendo como já dizia Paulo Freire, impregnando de sentido o que fazemos a cada instante.