Município de Iracema sedia encontro do Fórum de Convivência com o Semiárido do Vale do Jaguaribe

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Até as crianças participaram do evento, junto com as famílias | Foto: Ricardo Wagner/Arquivo Obas (CE)

No último dia 12, cerca de 50 pessoas foram recebidas pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Iracema na reunião do Fórum de Convivência com o Semiárido do Vale do Jaguaribe, para discutir temas como segurança alimentar, conjuntura atual dos recursos hídricos, identidade visual do fórum, Semana das Águas, Dia Internacional da Mulher, entre outros.

Com a colaboração de Malvinier Macedo, que integra o Consea-Ceará (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), foi possível compreender qual o papel do conselho e sua relevância em nossas vidas. “A caminhada da segurança alimentar está ligada à convivência com o Semiárido, pois para se ter a segurança alimentar é preciso ter meios para a produção de alimentos, como o acesso à terra e à água”, afirmou. “É importante que saibamos que a Segurança Alimentar é uma política pública, e que há uma Lei de Segurança Alimentar, um sistema que deve ser implementado nos municípios, nos estados e na União, e observados por todos nós”, enfatizou.

O debate trouxe à tona as dificuldades mais comuns das agricultoras e agricultores, que hoje, além de enfrentar um momento de escassez de água, ainda se deparam com burocracias para comercializar os produtos de seus roçados, como a rotulagem, certificação de produtos orgânicos entre outras. O que comemos hoje e o que comíamos até pouco tempo foi lembrado como um ponto de muita preocupação devido ao aumento da utilização de agrotóxicos pelo agronegócio.  É preciso mudar esse cenário a partir da mobilização da sociedade civil cobrando dos parlamentares para que os incentivos à agricultura familiar sejam efetivamente postos em prática.

A juventude rural foi lembrada sob a ótica propagada pela grande mídia, que muitas vezes mostra a agricultura como uma atividade inferior, de sofrimento e miséria, promovendo o consumismo e a ideia de vida melhor nos centros urbanos, fortalecendo o capitalismo. Sabemos de inúmeras histórias de bem viver no Semiárido protagonizadas por esses jovens, e a opinião foi unânime no apoio às escolas de educação contextualizada para o campo, fazendo referência à autonomia na hora de plantar, à permanência de sementes crioulas e à cultura local, ao reconhecimento do trabalho e à importância das mulheres e o incentivo às práticas agroecológicas. “É preciso pararmos de usar a expressão pequeno agricultor, pois somos grandes, em número e em qualidade”, afirmou Jorge Pinto, coordenador da Obas. “É preciso desmistificar essa ideia e promover a agricultura familiar e a agroecologia como um caminho fundamental para os nossos passos”.

Ainda durante o encontro foi apresentada a programação da 11ª Semana das Águas que acontece em Barreira, promovida pela Obas, que esse ano estará mais fortalecida com a presença do FCVSA – Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, além de universidades, associações, sindicatos, instituições religiosas e população em geral. Trazer para o debate durante uma semana as questões relacionadas a um bem tão precioso é fortalecer a convivência com o Semiárido e ampliar a resistência.
 

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