O processo eleitoral e nossa trajetória

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Articulação Semiárido de Alagoas (ASA-Alagoas)

ASA: 15 anos de vivência e esforço coletivo| Imagem: Arquivo/Asacom

Eis o povo do Semiárido que acredita no presente e no futuro e deseja uma convivência respeitosa com nosso clima. Buscamos, no suor sagrado da terra, a força, na fluidez da água, a vida e no raiar brilhante do sol, a energia transformadora. Representamos cerca de 300 organizações da sociedade civil, com muitos homens e mulheres esperançosos e dispostos a lutar pelo que é justo para nossa região.

O caminho andado foi longo e penoso. Lá se vão 15 anos de vivência e esforço coletivo. A conhecida resiliência da Caatinga inspirou o comportamento da ASA que insistiu no reconhecimento dos direitos básicos de cidadania para a gente da região. Assim, apontamos ao Brasil soluções simples e inventivas para a escassez de água, como as cisternas de placas para consumo humano e produção, as barragens subterrâneas, os tanques de pedras, os barreiros-trincheiras, as barraginhas, as bombas populares. Aos poucos, fomos vencendo e sendo reconhecidos. No início dezenas, depois centenas e agora milhares de tecnologias sociais espalhadas, recolhendo água e guardando para uso no verão. Surgiram outras práticas como os quintais produtivos, a produção orgânica, o manejo sustentável da Caatinga e a agroecologia guia os passos do trabalho familiar na agricultura.

Vamos avançar muito mais. Queremos mais. Mais respeito, mais recursos, mais transparência, mais solidariedade, mais participação. O sol do Semiárido será o companheiro inseparável nessa jornada. Que a robustez da baraúna nos sirva de exemplo para enfrentarmos as dificuldades e a seriema nos alegre o espírito com seu canto e beleza.

Reconhecemos parcerias importantes nessa caminhada. Instigados pela nossa organização e eficiência e convencidos dos acertos da metodologia e tecnologia usadas, conquistamos dos governos, nas três esferas, recursos e apoios que auxiliaram para que conseguíssemos as vitórias conhecidas. Necessitamos ampliar esse leque de parceiros para aumentarmos os resultados e trazermos mais melhorias para a vida das famílias do Semiárido.

O processo eleitoral, em curso, nos desperta para os riscos nos rumos da trajetória da ASA. Seguramente, continuaremos com a mesma vontade de trabalhar, independente dos resultados das urnas. Mas, precisamos da parceria com os próximos governos para acelerar a marcha de realizações, desta rede de instituições que constituímos e que desembocou em tantas conquistas. Queremos governantes comprometidos com políticas públicas de convivência com o Semiárido e as ações da ASA, representativas dos desejos do povo da região;que privilegiem a agricultura familiar e incentivem o modelo agroecológico que trata a terra como mãe e fonte de alimentos saudáveis, cuida do solo, do ar e das águas; que estimulem tecnologias sociais absorvedoras de mão de obra e de recursos locais e, sobretudo, protejam a teia social da região; que impeçam a total destruição da Caatinga, reduzida, atualmente, a cerca de, apenas, 8% de sua formação original e incentivem o recaatingamento das áreas castigadas pela desertificação.

Queremos, também, governantes que enxerguem o espaço rural e nele invistam como alternativa às graves questões socioambientais que afetam as grandes cidades, notadamente, pela absurda concentração populacional; que defendam uma educação de qualidade e contextualizada, bem como, o direito à saúde, à segurança, ao saneamento básico e à moradia rural digna, desenvolvendo os programas específicos, sempre respeitando às famílias. Identificar candidaturas que abracem esses ideais é dever de todos da ASA para não termos governos que se choquem com objetivos tão valiosos para todos/as nós.

Vamos a mais essa batalha pelo Semiárido, pelas nossas ideias, pelos parceiros/as e aliados/as dessas bandeiras. Aprendemos que os avanços não sucedem por acaso, mas, frutos de nossa determinação, esforço e inteligência. Essas qualidades não nos faltam e iremos usá-las nesse processo eleitoral pelo bem comum, pelo afeto que se encerra à nossa terra. Embalados pelo soprar dos ventos, o cantar dos pássaros e livres do jugo consumista saberemos escolher, com equilíbrio e sensatez, os representantes políticos que reforcem nossas trilhas e abracem nossas causas.

Semiárido Alagoano, setembro de 2014.

 

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