Organização de Trabalhadores e Trabalhadoras fomenta a luta por direitos

O dia 25 de julho é lembrado nacionalmente como o dia do Agricultor e do Trabalhador Rural
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Quintal de seu Horlando e dona Analdina no Assentamento Nova Paz | Foto: Arquivo: Apaeb

Todos os anos, o dia 25 de julho é lembrado por movimentos sociais de luta pela terra, organizações sociais do campo e Sindicatos e Federações de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais como o Dia do Agricultor ou Dia do Trabalhador Rural. A data também é uma oportunidade de lembrar processos de organização social no campo que estão em grande parte relacionados à busca de direitos negados: acesso à terra, ao crédito e à assistência técnica para a produção, além da melhoria da infraestrutura no campo e garantia dos serviços sociais básicos, só para citar alguns direitos.

Em 1955, a União dos Trabalhadores Agrícolas no Brasil (Ultab) já organizava trabalhadores e trabalhadoras rurais na busca de direitos. Foi nesse período que surgiram as primeiras Ligas Camponesas, no engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão, Pernambuco. A partir desses espaços de organização, os homens e as mulheres do campo percebem que é preciso lutar para conquistar seus direitos. Pouco a pouco foram surgindo organizações trabalhistas sindicais, o campesinato entrava de forma decisiva na busca por uma melhor estrutura para o meio rural. O objetivo dos sindicatos dos trabalhadores rurais era a conquista pelo direito do trabalho, mas buscavam também o acesso à terra. As Ligas Camponesas e os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STTRs) fundaram em 1963 a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

A luta pela terra é uma das formas mais antigas de fomentar a organização de trabalhadores e trabalhadoras rurais em torno de uma pauta comum. Um desses exemplos é o das famílias do Assentamento Nova Paz, no município de Queimadas, na Bahia. “Quando tudo começou até em acampamento a gente ficou, foi uma luta. Quando olho para tudo isso que nós conquistamos, quando olho aquela plantação tão grande, quando penso que é de lá que tiro o sustento da minha casa, me encho de orgulho e vejo que realmente valeu a pena'', diz Seu Horlando, agricultor e assentado. Atualmente, cerca de 90 mil famílias ainda vivem em acampamentos no Brasil, segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O grupo umbuzeiro se organiza em torno da cultura no Semiárido mineiro | Foto: Arquivo Sindicato dos\as Trabalhadores\as Rurais de Porteirinha.

Juntos para manter vivas as cantigas de roda – As pessoas também se organizam em torno de manifestações culturais.  Um exemplo é o grupo Umbuzeiro Cantigas de Roda, do município de Porteirinha, no Semiárido mineiro, formado por 18 participantes, que se reúnem para jogar versos, cantar, dançar e relembrar antigas cantigas de roda. O grupo também faz apresentações em lugares diversos desde 2013.

“Eu lembro bem das cantigas de roda no tempo da mocidade, quando as famílias se reuniam para rezar o terço, depois do café com biscoito, os mais velhos iam bater papo e nós formávamos uma roda e começávamos a jogar versos, cantava “Atirei o pau no gato”, “Requebra Chiquinha”, “Fui no tororó”, “Ciranda cirandinha”… e nessa brincadeira ficávamos horas inteirinhas. Então veio o senhor Oscarino, com a ideia de resgatar essa cultura, convidou minha esposa Nenza e eu para ajudar a formar um grupo de cantigas de roda, e nós aceitamos, depois outras pessoas foram convidadas. E hoje somos o Grupo Cantigas de Roda, levando essa cultura às pessoas que relembram seu tempo de mocidade e também mostram as antigas tradições a essa  nova geração”, conta o agricultor Antônio Oliveira de Aguiar, conhecido como galego.

Moçada reunida no campo – Alguns grupos geracionais, como a juventude, também desenvolvem maneiras próprias de organização. Quando o grupo Jovens Transformadores e Solidários surgiu em 2009, na comunidade Catingueirinha, no município de Potiretama, Ceará, os participantes não imaginavam a proporção que o grupo tomaria: “A gente tinha dificuldade de nos envolver com as coisas da comunidade. A juventude nunca é valorizada. Quando as instituições que trabalham com as cisternas  de placas começaram a vir pra cá, as coisas começaram a mudar”, disse Antonio Deimy, que está no grupo desde a sua criação. “A gente foi pesquisar os problemas da comunidade, como a falta de emprego, de escolas, o alcoolismo, as drogas…  A partir daí a gente começou a pensar em atividades que a juventude pudesse se interessar e chamar mais pessoas”, completou o jovem.

 

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