Sementes crioulas levam centenas de pessoas de todo Estado a Pedro II

Aconteceu nesta sexta-feira (18), em Pedro II, o I Festival das Sementes da Fartura do Piauí. O evento, organizado pelo Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, promoveu o encontro de produtores da agricultura familiar de vários municípios do Estado em um intercâmbio de conhecimento e trocas de sementes, além do fortalecimento do patrimônio genético do Semiárido.
O Festival, que reuniu mais de 500 participantes, entre agricultores e agricultoras familiares, técnicos, representantes de ONGs e de órgãos de pesquisa do governo, também foi um momento de capacitação para os participantes aperfeiçoarem suas técnicas de produção, seleção, multiplicação e embalagem das sementes crioulas de forma adequada à conservação.
A Feira de Sementes aconteceu durante todo o dia com troca e venda de diversas variedades de sementes, algumas quase desaparecidas , e produtos da agricultura familiar. Também houve várias oficinas que discutiram, além da importância da preservação das sementes, temas essenciais para a convivência com o Semiárido como educação contextualizada, juventude, agroecologia, gênero, acesso à terra e à água, fundos solidários, alimentação alternativa e saudável e remédios caseiros.
Na sexta-feira (17), as delegações de todas as regiões do Semiárido piauiense participaram de visitas a propriedades da agricultura familiar nos municípios de Pedro II, Lagoa do São Francisco e Piracuruca. Os visitantes viram e conversaram sobre experiências de produção de alimentos orgânicos e criação de animais nos quintais das casas e nas roças. No final da tarde, os integrantes das delegações se encontraram na comunidade rural Cipó, em Pedro II, para participar da inauguração da primeira Casa de Sementes comunitária da localidade.
Sementes da Fartura – As sementes sempre estiveram presentes na vida dos agricultores e agricultoras. Sendo, portanto, indispensáveis à vida no planeta. Cada povo, ao longo dos séculos, conforme sua região e de acordo com as condições climáticas, vem selecionando e dando nomes às variedades guardadas e armazenadas. Essas sementes nativas e de variedades tradicionais ficaram conhecidas como crioulas.
No Piauí, a exemplo de outros Estados, produtores da agricultura familiar também sentiram a necessidade de dar às sementes crioulas um nome que as identificassem de imediato como riqueza herdada dos antepassados. Esse nome deveria representar soberania e segurança nutricional e alimentar nas comunidades.
Desse desejo, no 1º Encontro Estadual das Sementes, realizado em setembro de 2011, na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pedro II, o geógrafo e assessor técnico do Centro Regional de Assessoria e Capacitação (Cerac), José Maria Saraiva, analisando a multiplicação de sementes que uma só é capaz de produzir e a fartura promovida por ela, sugeriu à plenária o nome “Sementes da Fartura”. A aceitação foi unânime. Nesse dia, as sementes crioulas do Piauí foram batizadas Sementes da Fartura.