Da alegria de transformar a sua experiência em um intercâmbio

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Dona Maria Almerita saiu da comunidade Bandeira, em Itatira, para conhecer a experiência da família de dona Socorro e seu Antônio, mais conhecido como Tiquim, na comunidade Cajazeiras, em Ibaretama.

Agricultores e agricultoras reunidos no quintal de dona Socorro e seu Tiquim | Foto: Mayara Albuquerque / Arquivo IAC

A falta de costume de sair de casa fez Almerita pensar duas vezes antes de arrumar as malas, mas a vontade de conhecer novas formas de conviver com o Semiárido falou mais alto e decidiu partir para Cajazeiras. Do outro lado, de braços abertos, aguardava dona Socorro. A agricultora que é presidente da Associação de Cajazeiras esperava há mais de um ano por um intercâmbio em seu pedacinho de chão.

Para ela, receber agricultores e agricultoras de outras localidades é a confirmação de que o seu trabalho não é em vão. E entre expectativas e esperanças, aconteceu entre os dias 09 e 10 de julho o Intercâmbio Intermunicipal, uma das ações do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), reunindo gente de Itatira, Croatá, Choró Limão e São Francisco.

A primeira parte do intercâmbio ficou por conta do técnico do Instituto Antônio Conselheiro Raul Bankiza que falou desde os fundamentos até as posturas éticas ligadas às práticas agroecológicas. “A Agroecologia é uma coisa que ninguém aprende, é uma coisa que você constrói todo dia com você mesmo”, defende Raul.

No dia seguinte, bem cedinho, dona Almerita conversava com dona Socorro na cozinha sobre como demorou a dormir pensando no tempo em que perdeu e no quanto desperdiçou com métodos que ela considerava serem os melhores. A agricultora será beneficiada com uma cisterna-enxurrada e não vê a hora de recomeçar a vender cheiro-verde. Por conta do açude que secou, Almerita acabou perdendo seus canteiros e deixou de apurar um dinheirinho que era muito bem-vindo nas despesas do mês.  

Todos contribuem na aplicação de cobertura morta nos pés de pimentão | Foto: Mayara Albuquerque / Arquivo IAC

Depois do café da manhã foi a hora de exercitar o que foi discutido durante o primeiro dia e foi aí que todas as mãos se uniram para fazer a cobertura morta dos pés de pimentão e cebolinha, a compostagem e mexerem a calda nutritiva de dona Socorro e seu Tiquim. “Eu quero dizer pra vocês que ganharam a cisterna-enxurrada, eu quero falar novamente que zele por ela porque é importante a gente ter pra usar, não é nem tanto pra gente vender. A gente tendo pra vender é bom porque serve pra comprar o café, o açúcar, mas em primeiro lugar a gente tem que ter o alimento completo da gente”, discursa dona Socorro debaixo de um mamoeiro. 

E foi assim que Socorro realizou o sonho de trocar experiências no quintal de casa e falar do orgulho que é ter dozes filhos e filhas, todos trabalhando na agricultura e poder alimentar os netos e netas com os canteiros e frutas colhidas no quintal.

E foi assim que Almerita levou para casa algumas mudas e sementes e a coragem de fazer tudo diferente.

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