Intercâmbios de experiência motivam agricultores e agricultoras com produção agroecológica
Agricultores/as partilham experiências em intercâmbio | Foto: Luciane Barros |
Na última semana do mês de maio a Associação Divina Providência realizou dois intercâmbios intermunicipais, no município de Presidente Jânio Quadros, no sudoeste baiano, envolvendo agricultores e agricultoras dos municípios de Brumado, Lagoa Real e Rio do Antônio, que conquistaram as tecnologias de produção do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).
Os agricultores/as visitaram diversas famílias da comunidade Jenipapo, fornecedora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que tem como objetivo adquirir a produção dos agricultores familiares com dispensa de licitação, a preços semelhantes aos praticados no mercado local. No município de Jânio Quadros, 58 famílias estão cadastradas no programa, no qual, 15 são da comunidade Jenipapo. Dessas, cinco trocaram conhecimentos e experiências com as famílias dos três municípios.
Seu Leôncio Pereira foi o primeiro a abrir as portas de sua propriedade para apresentar a sua sabedoria e conhecimento na produção agroecológica. “Esse momento será uma nova experiência em minha vida. Precisamos cada vez mais ampliar nossos conhecimentos, espero que vocês possam também levar muitas técnicas da nossa comunidade”, ressalta seu Leôncio. Outra experiência foi a de seu Antônio Batista que tem canteiros econômicos ao arredor de sua cisterna-calçadão, onde cultiva alface, coentro, cebolinha, beterraba, cenoura, pimentão, além de uma diversidade de plantas medicinais e frutíferas.
Seu Osmar Pinheiro conquistou para sua propriedade o barreiro-trincheira, que utiliza a água armazenada para a produção de hortaliças, plantas medicinais, milho, feijão, batata doce, além de diversas frutíferas. Seu José Lima, o Zé Besouro, como é conhecido na região, em sua propriedade ele explicou passo a passo, com fazer um canteiro econômico, destacando que apesar dos longos períodos de estiagem é possível trabalhar com a produção de hortaliças o ano todo com a água armazenada nas tecnologias. Finalizando as visitas na comunidade Jenipapo, as pessoas foram prestigiar a beleza do quintal produtivo e a garra de dona Maria Tereza Vieira, que através de sua produção agroecológica, garante melhores condições de vida para sua família.
Durante as visitas, os agricultores/as debateram, trocaram experiências e viram que é possível fortalecer o arredor de sua casa, além dos cuidados com as hortaliças, e a importância do uso de defensivos naturais. Logo após, conheceram todo o processo de como se cadastrar para fornecer sua produção para o PAA, além de tiram diversas dúvidas relacionadas ao programa.
Celso Teixeira, do município de Presidente Jânio Quadros, destaca a importância das tecnologias de produção para as famílias que vivem no Semiárido: “O homem do campo tem sua produção agrícola e natural porque ele nasceu no campo como algo de sua cultura, ou seja, de sua vocação e por conta dos grandes períodos de estiagem ao longo dos anos, as famílias foram procurando alternativas para sobreviverem, como por exemplo, a pecuária. Aos poucos foram perdendo a identidade com a terra. Então a produção agroecológica nessa metodologia de convivência com o Semiárido, vem mudando a cara do Sertão e as pessoas voltando a ter vontade de produzir seu próprio alimento e até mesmo comercializar o excedente”, argumenta.
“O intercâmbio é importante porque as famílias trocam experiências entre si e chegando a outra comunidade, vão trazer e também levar esses conhecimentos para as famílias. Os agricultores/as que estão aqui hoje não conheciam os canteiros econômicos, a questão da adubação, controles de algumas pragas e doenças. Então esse encontro será de grande valia para todas as famílias que participaram do intercâmbio”, afirma Rafael Cotrim, animador técnico do P1+2.
O agricultor José Correia, do município de Lagoa Real, destaca a oportunidade que o P1+2 está trazendo para as famílias: “Estamos adquirindo mais conhecimentos para levar para a nossa comunidade. Será um despertar para os agricultores/as que estão recebendo as tecnologias de produção”, conclui.
Os intercâmbios são momentos em que agricultores e agricultoras têm oportunidade de conhecer experiências desenvolvidas por outras famílias de agricultores em estratégias de convivência com o Semiárido. O encontro terminou com os agricultores/as cheios de ideias e ansiosos para começar a produzir em suas comunidades após a chegada das tecnologias de produção do P1+2.