Anacleto denuncia clima de medo entre os sindicatos rurais filiados à Fetag-PB
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Em entrevista concedida na noite da última sexta-feira (2) ao programa A Hora da Notícia, na Rádio Arapuan 95.3 FM, o sindicalista Nelson Anacleto, candidato à presidência da Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB) pela Chapa 2 “Por uma Fetag para todos – Fortalecendo os Sindicatos”, denunciou que existe um clima de medo entre as lideranças do campo e afirmou que é preciso fortalecer os cerca de 220 Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs) filiados à federação.
Sabatinado pelo jornalista Antônio Malvino, Anacleto disse que decidiu encabeçar a chapa que disputa a direção da Fetag-PB após a indicação de seu nome por sindicalistas de todas as regiões da Paraíba e em função de um projeto que não é individual e que propõe o fortalecimento dos STRs, que estariam abandonados.
“Precisamos empoderar, fortalecer os sindicatos, dar as condições reais para que o movimento sindical possa dar resposta aos desafios apresentados”, afirmou Anacleto, que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca (PB).
Para Anacleto, é preciso abolir o autoritarismo e o clima de medo estabelecido entre os STRs pela atual direção da Fetag-PB.
“Queremos construir uma federação capaz de dialogar com os movimentos, fortalecer a agricultura familiar, os assentados da reforma agrária e estabelecer uma estreita relação com os movimentos sociais”, afirmou Anacleto, acrescentando que a atual direção da Fetag-PB não dialoga com entidades como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e o Polo da Borborema.
Anacleto também falou sobre a suspensão da eleição para a renovação da diretoria da federação, que seria realizada em 27 de março, e sobre o acordo que definiu a nova data e as novas regras da eleição, remarcada para 29 de maio. Segundo ele, a Chapa 2 denunciou uma série de irregularidades no processo eleitoral que comprometeriam a lisura e a disputa equilibrada, como a ausência de uma comissão eleitoral e a condução de todo o processo eleitoral por pessoas ligadas ao atual presidente da Fetag-PB, Liberalino Lucena, que está à frente da entidade há quase 30 anos e concorre à reeleição pela sétima vez consecutiva.
“Liberalino se julgava acima do estatuto da federação”, afirmou Nelson Anacleto, que
destacou ainda que a lista de dirigentes sindicais aptos a votar foi divulgada pela atual direção da Fetag-PB apenas na véspera das eleições e incluía o nome de sete sindicalistas já falecidos.
O candidado à presidência da Fetag-PB pela Chapa 2 também denunciou a inelegibilidade de Liberalino, que não atenderia os requisitos para a candidatura. Segundo Anacleto, para disputar as eleições da federação, que representa quase um milhão de trabalhadores rurais paraibanos, é necessário que o candidato a presidente seja dirigente de um dos STRs filiados à Fetag-PB – o que não acontece com Liberalino.
Antônio Malvino lembrou que em outras disputas à presidência da Fetag-PB, como a mais recente, em 2010, Liberalino Lucena concorreu em chapa única, e perguntou a Anacleto se faltam lideranças políticas nos movimentos sociais do campo na Paraíba.
Em resposta a Malvino, Anacleto afirmou que existem muitas lideranças entre os sindicalistas rurais paraibanos, mas que existe uma cultura de medo. Segundo ele, o atual estatuto da Fetag-PB retirou a autonomia dos sindicatos. “A federação está ausente da base, até na gestão das políticas públicas”, afirmou o candidato à presidência da federação pela Chapa 2.