Oito mil famílias do Rio Grande do Norte já contam com Cisternas de Placas para o convívio com a seca
As unidades fazem parte de um compromisso firmado entre a Fundação Banco do Brasil, Governo Federal e a Articulação Semiárido Brasileiro na construção de 80 mil reservatórios em 130 municípios brasileiros. O município de Macaíba está incluído na relação.
A escassez de água é um problema que atinge diversos estados brasileiros e milhões de pessoas, como é o caso da moradora da Comunidade Santa Terezinha, no município de Bodó (RN), Francisca Alves de Medeiros. A dona de casa vive com o marido e recebeu uma cisterna em janeiro deste ano. Apesar do pouco tempo de instalação, a trabalhadora de 46 anos já conta maravilhas da nova aquisição. Sempre tivemos uma vida difícil por aqui. Antes, dependíamos da água do carro pipa que o Exército trazia e de uma água barrenta de um poço. Mesmo assim, não era suficiente para as 22 famílias da região. Hoje, com as cisternas tudo mudou, somos livres, temos a nossa própria água e não temos que depender mais da boa vontade dos outros”, disse ela.
De acordo com Francisca, os que foram beneficiados com a instalação do reservatório na região participaram de cursos para aprender a usar a água de forma mais econômica. Eles fazem parte das mais de 8 mil famílias no estado contempladas com a instalação de uma cisterna de placas da Fundação Banco do Brasil e, por isso, já conseguem enfrentar a seca com mais facilidade.
A reaplicação da tecnologia social Cisterna de Placas no Rio Grande Norte faz parte do Programa Água para Todos, uma das ações do Plano Brasil Sem Miséria, do Governo Federal, e tem como objetivo a universalização do acesso à água potável para consumo humano. Com as novas instalações, mais de 70 mil cisternas já estão em 130 municípios dos nove estados do Semiárido (RN, PI, CE, PB, PE, AL, BA, MG e SE). Ao todo, 350 mil pessoas foram atendidas.
O modelo reaplicado pela Fundação BB obteve sucesso por meio do esforço conjunto da rede de agências do Banco do Brasil, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), de parceiros locais e de entidades que foram selecionadas em função de suas competências técnicas, gestão, mobilização e experiência na reaplicação da tecnologia social. Para implantação, cada unidade tem um custo unitário médio de R$ 2.579.
No Rio Grande do Norte, são 15 cidades beneficiadas com a tecnologia social, que já minimiza o impacto da seca para mais de 40 mil pessoas. Elivânia Serafim, de 22 anos, moradora da comunidade de Sumidouro, no município de Baraúnas conta que antes de receber a cisterna precisou comprar água mineral para suprir a sede da família. “A instalação da cisterna na minha propriedade chegou na hora que mais precisávamos. Aqui na região, a única água que tínhamos era de poços, mas ninguém conseguia beber, por ser muito salgada”, relata.
Sobre as cisternas – Cisterna de placas é uma tecnologia social que compreende um reservatório de forma cilíndrica, coberta e semienterrada. A solução foi certificada pelo Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social em 2001, na tentativa de solucionar a falta de água da população mais carente do semiárido brasileiro. Trata-se de um encanamento simples que recolhe no telhado das casas a água de chuva e a encaminha para cisternas no subsolo ao lado, revestidas com placas para não permitir a infiltração.
Cada reservatório tem a capacidade de acumular 16 mil litros de água que, se usados com moderação, podem durar até oito meses para uma família de cinco pessoas, em atividades como cozinhar, beber e escovar os dentes. Em dezembro de 2011, a Fundação Banco do Brasil e a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) firmaram convênio para a instalação de 60 mil unidades da tecnologia social, na época, em oito estados do semiárido. Em 2013, o convênio foi ampliado para a construção de mais 20 mil unidades nos oito estados da primeira etapa e também em Sergipe.