Oficina de formação com pesquisadoras/es do Semiárido analisa agroecossistemas familiares
Apresentação da pesquisa | Foto: Karol Dias / Arquivo: Espaf (CE) |
Com o desafio de qualificar o estudo dos agroecossistemas inseridos na pesquisa “Sistemas Agrícolas Familiares Resilientes a Eventos Ambientais Extremos no Contexto do Semiárido Brasileiro: Alternativas para Enfrentamento aos Processos de Desertificação e Mudanças Climáticas”, que abrange nove Estados do Semiárido Brasileiro e o Norte de Minas Gerais, o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), realizaram de 11 a 14 de fevereiro de 2014 em Campina Grande-PB, a 2ª Oficina de Formação para pesquisadoras/es e instituições parceiras que atuam nesse processo.
No primeiro dia (11), a manhã foi de diálogo sobre a caminhada do projeto. Victor Maciel, coordenador dos pesquisadores de campo, fez a abertura do encontro na sede do INSA e em seguida, Salomão de Sousa, pesquisador do INSA, falou da importância desse trabalho, da dimensão da responsabilidade das/os pesquisadoras/es e ressaltou que é “um projeto onde todo mundo vem participando desde a concepção, de todos os processos”, para agregar “conhecimento popular com conhecimento cientifico”.
Na seqüência, Antonio Barbosa, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da ASA, saudou as/os presentes e trouxe em sua fala que “o Semiárido é resiliente por natureza” e que “a pesquisa é uma oportunidade de fazer uma ruptura epistemológica para valorização do conhecimento” definido por ele como “ciência popular”.
Aldrin Perez, coordenador do projeto pelo INSA, apresentou os elementos teóricos, as escalas de objetivos, as tarefas e a metodologia do trabalho no contexto da parceria entre o INSA e a ASA. Depois disso, Victor Maciel conduziu uma dinâmica e o grupo foi para outra sala onde cada pesquisador/a socializou as atividades até então já realizadas, encerrando assim as atividades desta manhã.
À tarde cada um/a apresentou um estudo de caso descrevendo a propriedade, a linha do tempo, os subsistemas de produção e a finalidade da mesma, as inter-relações na troca de insumos, o emprego de estratégias de aproveitamento dos recursos naturais de forma sustentável, a relação com o mercado externo, entre outros aspectos. Cada apresentação foi seguida de análises, sugestões e o dia encerrou com avaliação.
O dia seguinte (12) foi de construção coletiva de conceitos. A princípio, Luciano Marçal, coordenador do projeto pela ASA, refletiu sobre a importância dos instrumentos de análise que “ajudam a gente a registrar, interpretar a realidade, organizar nossa leitura sobre o agroecossistema tanto no ponto de vista da sua estrutura, quanto do seu funcionamento”, explicou.
A seguir, formaram-se quatro grupos para discutir, entrar em consenso sobre o conceito de temas previamente sugeridos e então, socializar com os demais. Aldrin Perez mediou o processo e propôs inicialmente que definissem o que é sustentabilidade, no contexto do agroecossistema. Durante o dia foram trabalhados também os conceitos de produtividade, equidade, resiliência-resistência, estabilidade, adaptabilidade e autonomia.
Nessa mesma dinâmica, agora compondo apenas dois grupos, as/os participantes da oficina analisaram as experiências pesquisadas em seus respectivos Estados considerando os atributos conceituados durante o dia, com ênfase nos pontos fortes, fracos e apontando possíveis indicadores.
À noite, Raquel Baster e Kelma apresentaram o projeto Semiárido em Tela que desenvolvem no INSA com o objetivo de ensinar às pessoas do campo a construir roteiro, gravar, editar vídeos e assim contar as histórias do Semiárido através do recurso audiovisual. O intuito é que as/os pesquisadoras/es sejam parceiras/os nessa ação.
Formação também incluiu visita de campo | Foto: Karol Dias / Arquivo Espaf (CE) |
Visita de campo e avaliação – No terceiro dia de formação (13), quatro equipes visitaram propriedades rurais da região com o objetivo de exercitar o olhar sistêmico para os agroecossistemas e suas interrelações a partir dos atributos estudados no dia anterior.
No último dia do encontro, as equipes expuseram o resultado das visitas, seguindo-se de considerações da plenária, visando construir coletivamente um padrão que norteie a compreensão das diferentes realidades.
Nos encaminhamentos, Luciano Marçal falou da importância de descrever melhor os subsistemas e Aldrin Perez afirmou que embora seja importante elaborar sugestões de indicadores, estes serão construídos verdadeiramente é com as/os agricultoras/es, na prática. Luis Felipe, pesquisador do INSA, propôs que fotos do processo sejam selecionadas e entregues às famílias como forma de dar retorno sobre o andamento da pesquisa.
Após estes e outros encaminhamentos, houve a avaliação dos dias de estudo e o resultado foi considerado positivo, com esclarecimento de dúvidas e deixando a certeza de que refletir coletivamente, nesse processo participativo de pesquisa-ação, favorece uma atuação cada vez melhor e revigora os ânimos para os desafios que estão por vir.
E foi com animação que a noite cultural celebrou o fim desse momento de partilha e construção coletiva de conhecimentos.