Encontro reúne famílias produtoras de conhecimento agroecológico

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Famílias discutem experiências sustentáveis | Foto: Mateus Oliveira/Arquivo Espaf

Na manhã da última quinta-feira (14), dez famílias do município de Tianguá que desenvolvem experiências produtivas sustentáveis no semiárido se reuniram na sede do Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Tianguá para partilhar suas experiências e dialogar sobre as relações de gênero no contexto da prática agroecológica.

Essas famílias são protagonistas de uma pesquisa científica realizada pela Escola de Formação Política e Cidadania – ESPAF em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro – ASA e o Instituto Nacional do Semiárido – INSA, com duração de três anos iniciados em 2013 para avaliar e dar visibilidade aos impactos positivos dessas técnicas na conservação da biodiversidade e na segurança alimentar.

No primeiro momento, Claudio Silva, responsável pela realização da pesquisa, apresentou características do semiárido brasileiro explicando o ciclo da água. Falou também da predominância da agricultura, pecuária e extrativismo feito de forma convencional que torna esse espaço mais seco pela diminuição de árvores e de cobertura do solo.

O agricultor Manoel Francisco do Assentamento Val Paraíso, interveio demonstrando sua consciência ambiental ao explicar que “nós somos malvados, queima e some muita água porque nós brocamos na beira do rio, não pode brocar, tem que deixar se não a água vai saindo pra riba”, disse.

Aproveitando o ensejo, Manoel do Vale, do Assentamento Nova Esperança conta seu exemplo: “eu tinha uma roça, broquei, toquei fogo e cavei o chão pra cinza não ir embora, plantei, mas, no terceiro ano vi que tava enfraquecendo, hoje to conseguindo recuperar, não queimo mais, faço cobertura do solo e poda dos cajueiros deixando as folhas no chão”.

Claudio seguiu esclarecendo que um grande obstáculo à consolidação de estratégias de convivência com o semiárido é a concentração de terra, é “muita gente com pouca terra, pouca gente com muita terra”, afirma. Sem direito a terra, agricultoras/es não podem fazer agroflorestas ou qualquer outra forma de agricultura sustentável.

Expôs também que a pesquisa tem um enfoque sistêmico da agricultura familiar, estuda os conhecimentos a partir das experiências em curso tendo as famílias como protagonistas, traz reconhecimento e visibilidade.

No momento seguinte foi tratado outro aspecto muito importante da convivência com o semiárido que é o cuidar das relações interpessoais, sobretudo, as relações de gênero. Na oportunidade dois homens relataram suas experiências de enfrentamento ao machismo no cotidiano.

Cristina Costa, ativista do Movimento Ibiapabano de Mulheres – MIM, conduziu o dialogo com exposição do curta metragem “Vida Maria” e propôs um trabalho de grupo para refletir sobre o que homens e mulheres fazem durante o dia, desde o momento que acordam. Como resultado, os grupos apontaram que as mulheres ainda se responsabilizam muito pelas tarefas domésticas e dos arredores da casa, no cuidado com plantas e pequenos animais e que os homens cuidam mais da roça e dos animais de maior porte, todavia, acenam com para uma perspectiva de mudança nas relações de relações de trabalho no campo. Contam que por participarem de espaços de formação aprendem outras formas de se relacionar. “Não é fácil não, mas é possível”, diz Luis Doca do Assentamento Nova Esperança.

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