Encontro territorial do P1 +2 rearticula Fórum de Convivência com o Semiárido
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Encontro reafirmou articulação regional para a convivência com o Semiárido | Foto: Eudes Costa |
É inegável a mobilização social que vem acontecendo nos últimos anos no alto sertão paraibano, com as implantações das cisternas de placas através das entidades que integram a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA). Contudo, a Associação dos Apicultores do Sertão Paraibano (ASPA), junto com outras entidades, esteve reunida durante os dias 09 e 10 de outubro na perspectiva de ampliar, discutir, encaminhar e unir forças para defender mais ações que pautem as políticas públicas para a convivência.
A reunião aconteceu durante o Encontro Territorial do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), no auditório do Instituto Federação de Tecnologia e Ciências, Campus de Sousa, e contou com a presença de agricultores/as, alunos de agroecologia, professores universitários e atores sociais da cena local.
O evento teve o caráter de mobilizar pessoas e instituições que estão na jornada de discussões sobre as soluções para uma melhor convivência. A oportunidade também contribuiu para a rearticulação do Fórum de Desenvolvimento e Sustentabilidade para o Semiárido na microrregião do alto sertão paraibano.
Na primeira parte da manhã, aconteceu a exposição do geógrafo Marcelo Brandão, da Universidade Federal de Campina Grande, abordando o aspecto teórico e sociopolítico sobre o Semiárido. Marcelo falou que é preciso quebrar o mito de que a região semiárida seja vista de maneira improdutiva e inviável, e que os velhos programas governamentais não acertaram para o desenvolvimento da região. “O modelo antigo pensado para o nosso lugar sempre se mostrou insustentável, agora é necessário fazer algumas adequações de nossa produção para as características ambientais da região. Como isso poderia ser feito? Extinguindo a cultura do desperdício de água, instigar a agricultura de xerófita que são plantas resistentes e necessita de pouca água; incentivar a caprinocultura, a fruticultura irrigada, mas que seja de gotejamento, e construir mais estruturas de armazenagem de águas de chuva”, recomenda Marcelo.
Na parte da tarde aconteceu o carrossel de apresentações das experiências que já vem sendo desenvolvidas e acompanhadas pelas entidades. As temáticas abordaram organização comunitária, produção agroecológica e banco de sementes.
As experiências foram fundamentais para instigar e retirar lições, além de alimentar o debate em plenária que possibilitou aos participantes o pensamento uníssono de estimular a sociedade civil e os órgãos do governo a executar e efetivar urgentemente políticas públicas de convivência com o Semiárido. Assim foi o questionamento feito pelo professor de agroecologia e veterinária do IFPB Campus Sousa, o professor Chico Nogueira. “Existem organizações e pessoas ligadas ao governo, à sociedade civil que estão construindo permanentemente esse debate, tanto é que desse debate nascem várias políticas públicas de acesso água, como o P1MC, o P1+2, e o mais recente o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que são resultados dessa caminhada. Então, são várias políticas que acontecem no âmbito mais do governo federal, e a nossa intenção com esse evento é também fazer esses debates para os governos municipais, por que eles (governos municipais) não fazem esse debate. É preciso viver no semiárido e olhar todas as orientações que permitam que a cidade e campo possam ter políticas que subsidiem tecnologias e processos para melhor conviver com o Semiárido”, enfatiza Chico.
Para a coordenadora do P1+2 pela ASPA, Socorro Goveia, os desafios ainda são grandes, mas unir vários seguimentos da sociedade em prol de um movimento que vem dando sinais de mudança é uma grande conquista de enfretamento às ameaças das sementes transgênicas, do uso dos agrotóxicos que são vistos no sertão. “São varias experiências sistematizadas em toda essa nossa região que comprovam os acertos de uma lógica de convivência, contrário às investidas dos sistemas comprometidos com o agronegócio. Não temos todas as instituições envolvidas com essas causas, mas estamos dando um grande passo para essa sensibilização”, pontua Socorro.
No segundo dia, foi realizada uma reunião mais reservada entre os representantes de cada entidade para deliberação da composição do Fórum e encaminhamento de agendas. No momento se discutiu os temas mobilizadores do movimento na região do alto sertão, elencando várias questões pontuais a serem trabalhadas para 2014, onde ficaram estabelecidas reuniões trimestrais culminando com um evento a cada final do ano. Atualmente o Fórum conta com 15 entidades entre elas: IFPB/NAESP, CIDADE SEMIÁRIDO, AGROECÓLOGOS, UFCG/CVT POMBAL, IFBDS, CPT SERTÃO, ASCA, PIVAS, PA. ACAUÃ, CAAASP, PASPP, STTR POMBAL, CÁRITAS, ASAPIM e GRUBAS.