Agricultores/as participam de intercâmbio no Ceará e levam novos conhecimentos na bagagem

![]() |
Agricultores/as que moram no Piauí conheceram experiências no Ceará | Foto: Neto Santos |
A cada momento, um novo aprendizado. Esse é o sentimento de agricultores e agricultoras participantes do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) em suas vidas, nos últimos anos. A metodologia dos programas trabalhados pela Articulação do Semiárido Brasileiro (Asa Brasil) permite a troca de conhecimentos de convivência com o Semiárido numa articulação sistematizada.
Nos dias 14, 15 de 16 de outubro, o Centro de Formação Mandacaru, de Pedro II (PI), realizou um intercâmbio interestadual, no Ceará, com famílias dos municípios piauienses de Castelo do Piauí, Lagoa de São Francisco e Piracuruca, municípios pertencente a área de atuação do Mandacaru. Na oportunidade as famílias visitaram vivências de três municípios cearenses que trabalham com projetos específicos para a convivência com o Semiárido.
No município de Viçosa (CE), a experiência visitada foi da família de Conceição e José Aparecido, no sítio Vambira. A família tem uma produção de horta orgânica e fornece para o abastecimento da feira da cidade. A venda da produção orgânica contribui com mais da metade da renda familiar de Conceição e José Aparecido.
Outra experiência que fez parte do intercâmbio apresentou uma área de recuperação da mata ciliar. Quem recebeu a equipe de agricultores/as foi o experiente e sábio Armando Freire, da comunidade Xique Xique 02, no município de São Benedito (CE). “O que nós, agricultores, fazemos é símbolo de sabedoria que precisa ser passado para outras gerações”, disse seu Armando, durante a apresentação.
A terceira vivência visitada foi na comunidade Malhadinha, no município de Graça, na propriedade de seu Luis Gonzaga e dona Lúcia. A família apresentou alguns elementos de mudança em suas vidas, depois da conquista de tecnologias sociais na casa da família. O casal falou também da grande expectativa, para um futuro próximo, de estarem com um maior volume de água armazenado em casa e ampliar a produção em alimentação da família, já que agora, além da cisterna doméstica [16 mil litros], eles conquistaram uma cisterna-calçadão.
Os aprendizados relatados pelos participantes foram bem marcantes. Dona Mônica, do assentamento Salgado, em Castelo do Piauí, achou o sistema de produção em mandala muito bonito, além de perceber, pelas informações recebidas, que com a “cisterna grande” em casa é possível ela fazer também uma mandala com sua família. Seu Raimundo Rosa, também do município de Castelo, ficou muito interessado no modelo de produção orgânica da família de dona Conceição. Seu Raimundo tem até planos para produzir de forma orgânica, juntamente com sua família, e também se tornar um exemplo já que raramente se vê uma produção orgânica na região em que mora. Seu João José, da comunidade Nazaré, em Lagoa de São Francisco, disse que estava surpreso pela diversidade de plantas na propriedade de seu Armando e que leva para casa um exemplo de amor maior pela natureza, que, até então, ele ainda não tinha despertado.
As famílias voltam para suas casas empolgadas. Na bagagem, a certeza de que quando se tem água e dedicação na produção, a segurança alimentar na família está garantida. Estes intercâmbios fazem parte do plano de trabalho do P1+2, da Asa Brasil, executado nestes municípios pelo Centro Mandacaru.