Implementações do P1+2 são destaque em visita de intercâmbio

Cisterna-calçadão, barragem subterrânea e barreiro trincheira são alternativas para exemplificar o trabalho sócio-produtivo da agricultura familiar
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Visitantes conhecem canteiro econômico | Foto: Eudes Costa

Cerca de 40 agricultores e agricultoras do município de Cajazeira (PB), que integram o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da ASA, participaram de intercâmbio, na cidade de São Francisco, no alto sertão paraibano, no dia 14 de agosto. A atividades foi promovida pela Associação dos Apicultores do Sertão Paraibano (ASPA) e aconteceu em três comunidades rurais.

A ASPA tem priorizado o intercâmbio de experiências em que agricultores/as dão maior visibilidade às ações para o fortalecimento das alternativas de convivência com o Semiárido. Desta forma, estão surgindo referências de destaque, a exemplo do trabalho sócio-produtivo que vem sendo introduzido pela ASA e parceiros, durante toda a caminhada de mobilização do programa na região.
No transcorrer da visita, os/as participantes conheceram os experimentos das famílias que conseguiram desenvolver vários plantios de produção agroecológica, colocando em prática toda a teoria que foi construída nos cursos de formação.

A primeira parada foi na casa de dona Maria dos Remédios, localizada na comunidade Viturino, que tem um quintal produtivo e uma diversidade de leguminosas, frutíferas e plantas medicinais. A experiência mostra o brilho e a garra da agricultora que transformou o arredor de casa com a água armazenada na cisterna-calçadão. Com o gerenciamento das águas, ela economiza, aumentando sua produção, sem desperdícios.

Outro destaque que ficou evidente na apresentação de Maria dos Remédios foi o protagonismo dela como mulher sertaneja, determinada, assumindo seu papel de agricultora, mostrando sua história e sua autonomia como espaço de valor, num local em que muitos não reconhecem esse tipo de trajetória de vida.

Seguindo em frente, os/as visitantes foram ao sítio Prata para conhecer a barragem subterrânea da família do agricultor Fábio. Ao longo deste ano, mesmo com a média pluviométrica de apenas 300 milímetros, Fábio manteve um roçado de salvação através da irrigação por microaspersão, em que produziu batata, milho e feijão, e alguns canteiros de hortaliças. De acordo com Fábio, a produção só foi possível por causa da barragem-subterrânea, que ajudou a fortalecer o lençol freático e aumentar as águas do poço amazonas (cacimbão), garantindo segurança hídrica. Em uma de seus roçados de feijão, o agricultor colheu aproximadamente 11 sacos do legume.

Complementando a visita, os/as agricultores/as foram a residência de Francisco Olinto (Duca), localizado na comunidade de Dois Riachos. Os/as participantes tiveram a oportunidade de dialogar sobre o barreiro-trincheira, destacando o funcionamento e importância para a família na produção de ração animal e na produção de 200 pés de palma em área de baixio, mesmo com pouca água acumulada no reservatório. 

Em uma avaliação final, o senhor José Pereira, agricultor participante do Projeto de Assentamento Frei Beda, disse que tudo o que conheceu servirá de resposta, e tomará como base, como lição, já que em sua propriedade dispõe de um pouco mais de recursos naturais do que a região que visitara. Vendo a forma como aquelas pessoas com suas implementações mudavam para melhor o seu modo de trabalhar com a terra, não poderia sair com outra visão. “Eu só tenho que, ao voltar pra minha casa, fazer o mesmo, e valorizar mais ainda o que tenho, principalmente agora que vou receber minha cisterna-calçadão, porque aqui entendi que somente com a força de vontade e com a orientação certa é que a gente pode mostrar a riqueza que tem o campo”, diz José Pereira.

Participantes posam para foto oficial da visita | Foto: Eudes Costa

A visita ainda favoreceu a troca horizontal do conhecimento e da sabedoria popular entre os atores sociais, agricultores experimentadores, que compartilharam e dividiram seus ensinamentos e aprendizagens, juntando suas forças em prol da sustentabilidade da agricultura familiar camponesa.

Intercâmbios – fazem parte da metodologia da ASA e se torna um espaço de comunicação e de vivência entre as famílias, despertando olhares e ampliando o entendimento sobre o lugar, sua cultura e as pessoas.
Essa visita fez parte da programação do contrato firmado de patrocínio entre ASA e Petrobras, através do Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania, e acontece sempre como um dos primeiros dias do curso de capacitação do Sistema Simplificado para a produção de Alimentos (SISMA).

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