O perigo vai à mesa
Incomoda, sim, que o Brasil ainda esteja ocupando o primeiro lugar entre os países que mais utilizam agrotóxicos na produção de alimentos. E as barreiras para fortalecer a agroecologia têm o tamanho do desejo de parte significativa da população de consumir produtos orgânicos. A primeira delas, certamente, é o preço, ditado pela falta de uma política nacional que organize e desenvolva o setor. Surpreendentemente, Pernambuco aparece entre os cinco primeiros do país em número de feiras desses produtos (160), o que aponta para uma tendência natural do estado de crescer neste terreno.
Empenhada em impulsionar o debate em torno da construção de um plano nacional voltado para consolidar a agroecologia como sistema de produção de alimentos, a ONG Centro Sabiá trouxe para um debate,ontem, no Recife, a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco, e o agrônomo angolano Ilídio Barbosa, ex-membro da FAO. A conversa começou às 14h, no Teatro Sesc Santo Amaro, e colocou luz sobre os principais desafios para a implantação do plano, uma esperança da ONU ( já transformada em resolução) de, através da prática deste sistema também pelos países de língua portuguesa, acabar com a fome no mundo em dez anos.
Nem é fácil nem simples, mas a urgência em estruturar um começo (com medidas como certificação, uso e banco de sementes, mapeamento de produção …) pode representar mudança das mais importantes para a saúde dos brasileiros e da economia (agronegócio). O assunto, inclusive, vai ser levado hoje à população de forma divertida e impactante (flashmob), às 12h, na Avenida Guararapes. Além da performance sobre a importância do consumo de alimentos orgânicos, cem jovens agricultores do estado entregarão folhetos e diversos produtos.
Pedras no caminho
Só para ilustrar a conversa, pesquisa do Idec, feita no começo de 2013, mostrou que existe diferença de até 463% entre orgânicos vendidos nas feiras livres e em supermercados. Ainda: que 71% dos entrevistados consumiriam mais esse tipo de produto se ele fosse mais barato, e outros 23% adeririam à ideia se houvesse mais dessas feiras perto de casa.