Banco de proteínas muda a sorte de produtores rurais do semiárido potiguar

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O Semiárido Nordestino, mesmo com registros recentes de chuvas, ainda sofre as conseqüências da maior estiagem dos últimos cinqüenta anos. No entanto, no Rio Grande do Norte, a adoção de medidas simples em propriedades rurais, atendidas pelo Projeto Sebrae no Semiárido, mostra que é possível transformar cenários desoladores em ambientes propícios à sobrevivência do homem do campo e ao desenvolvimento dos negócios rurais. O cultivo de espécies resistentes à seca garante alimentação abundante e manutenção do rebanho de caprinos e ovinos.

A criação do banco de proteínas, como é denominado o cultivo de espécies para produzir forragem com melhor valor nutritivo aos animais, além de uma experiência exitosa é um alento para produtores rurais como Ana Lúcia da Silva, moradora do Projeto de Assentamento Paraíso, na zona rural de Apodi, na Região Oeste Potiguar. Com um rebanho superior a 200 caprinos, Ana Lúcia conta que a medida ajudou a salvar os animais no período mais crítico mais crítico da estiagem.

Em uma área pequena, ela cultiva espécies como a leucena, flor de seda, moringa e palma, e produz feno suficiente para alimentar todo o rebanho durante o ano inteiro. “Estou muito feliz com os resultados. Passamos a seca toda cultivando as plantas e produzindo o feno e não perdemos nenhum animal. Antes do projeto não sabia que podia usar essas plantas para alimentar os animais, e agora tudo é aproveitado”, enfatiza.

O alimento em abundância é uma novidade para a produtora. Ela conta que, anteriormente, durante o período de gestação dos animais, faltava alimentação, e, além de magros, muitos animais não resistiam. Atualmente, o feno, rico em proteínas, produzido pelos próprios criadores, ajuda na manutenção da atividade leiteira e de corte. “Estamos com várias cabras que pariram agora, e a produção do leite fica menor. Mas quando voltar ao normal vamos tirar pelo menos uns 30 litros de leite, pois graças à orientação que recebemos, temos alimento de sobra para alimentar o rebanho todo”, acrescenta o produtor Evandro Nascimento.

Com atuação nos municípios do interior do Rio Grande do Norte englobados no perímetro da seca, o Projeto Sebrae no Semiárido teve início em outubro de 2012 e atende a 1.800 produtores. Desenvolvida pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, a ideia pioneira será disseminada nos demais estados do Nordeste, por meio das unidades do Sebrae.

CONHECIMENTO – Ações como a instalação do banco de proteínas poderiam ser melhor utilizadas, mas a falta de conhecimento impede a disseminação de práticas simples, porém exitosas. De acordo com o co-gestor do Projeto Sebrae no Semiárido, Valdemar Belchior, muitos produtores, apesar de dispor de estrutura necessária, como área irrigada e vegetação, não conseguem reverter o cenário negativo causado pela seca.“Constatamos que há muita falta de conhecimento por parte dos produtores rurais. Existem propriedades rurais com potencial para produzir alimento, reduzir gastos, mas falta conhecimento aos proprietários. O projeto está ajudando muito neste sentido, mostrando que é possível conviver melhor com a estiagem”, avalia.

Para reverter o quadro de desinformação entre os produtores rurais, o Projeto Sebrae no Semiárido desenvolve uma série de consultorias. As orientações técnicas, que atendem desde a área de gestão do empreendimento rural ao manejo correto dos plantios, aliam teoria e prática. “Passamos orientações acerca de todos os aspectos que envolvem a propriedade rural, seja na área de gestão, manejo, nutrição e também genética animal. É assim que estamos promovendo mudanças significativas no Semi-Árido”, avalia o consultor do Sebrae-RN, Ílton Felipe.

Mais que o alimento e a garantia de sobrevivência do rebanho, a criação do banco de proteínas significa também economia para os produtores, que passam a utilizar menos silagem e mais feno na composição alimentar dos animais. Com isso, ocorre uma redução nas despesas com a compra de silagem, que está sendo comercializado, em média, a R$ 50 o saco com 50 quilos.

“Antes um saco de silagem só dava para usar durante quatro dias, e os gastos eram muito altos. Agora, com o feno que nós mesmos produzimos, a silagem dura sete dias. É R$ 50 de economia toda semana”, comemora a produtora. Somente no mês de maio foi produzido um total de 10 sacos de feno na propriedade de dona Ana Lúcia. O alimento, produzido por meio da moagem e secagem das plantas, pode ser estocado por um longo período, sem perdas nas propriedades nutritivas.

Fonte: Sebrae-RN

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