Universalização do acesso à água em busca da transformação social

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 A agricultora Ana de Oliveira comemora conquista da primeira da água. | Foto: Flávia Carvalho/Arquivo Cedasb

Um dos maiores desafios na luta pela convivência com o Semiárido é a garantia universal da água para todo o povo camponês. Por isso, a cisterna de placa representa um marco na busca da soberania hídrica e alimentar no Semiárido brasileiro. Em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB), o CEDASB tem finalizado um importante passo na universalização da primeira água: a construção de 1.192 cisternas em Cândido Sales, município do Semiárido baiano. A universalização através da cisterna de placa simboliza uma conquista popular produzida pela sabedoria e experiência adquiridas na vivência de sertanejos e sertanejas.

“O processo de universalização é uma conquista impar para as famílias”, explica Leandra Silva, gerente do projeto. Para ela, a primeira conquista está no campo ideológico e educacional, a partir do momento que as famílias participam da capacitação em Gerenciamento de Recursos Hídricos. “A compreensão de como o clima de nossa região funciona e como se adequar a ele é um elemento essencial”.

A segunda “se dá na concepção política, pois, ter uma cisterna no pé da casa significa que a água não é mais um instrumento para a promoção política de determinados grupos e sim um direito conquistado”, complementa Leandra. “A universalização representa a descentralização do acesso à água de qualidade e a promoção da dignidade humana ao povo camponês”, disse Leandra.

Para o agricultor José Nogueira dos Santos, a tecnologia social foi realmente uma emancipação. “A cisterna aqui para gente foi muito bom, porque antes aqui a gente tinha que pagar se quisesse ter cisterna e depois que veio vocês [equipe do Projeto da FBB] acabou com isso”.

Acesso à água e novos rumos
Desde a instituição do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e suas organizações integrantes, têm como objetivo universalizar a água de beber e cozinhar, – a primeira água – para as comunidades rurais do  Semiárido brasileiro. Através de diversas parcerias, a ASA tem vencido este desafio e garantindo a agricultoras e agricultores o protagonismo em suas histórias, através da melhoria da qualidade de vida.

A comunidade Papagaio é um exemplo disso. Foi lá que o pedreiro Mauri José de Carvalho foi um dos responsáveis pela implementação de 90 cisternas e está muito satisfeito por integrar este processo. “É uma alegria trabalhar neste serviço”, conta.  Mauri já conquistou também o acesso à água para produção através do P1+2 .  “As cisternas mudaram 100% minha vida e as construções foram muito tranquilas. Se ‘romper’ daqui pra frente desse jeito, sempre vai dar certo”, conta com entusiasmo o pedreiro.

A garantia da primeira água é a base para trilhar novos rumos em busca da transformação social. Mauri já se sente autônomo e faz planos: “Esta terrinha aqui, com fé em Deus, e com minhas duas águas, vai se transformar num lindo pomar. Vou sobreviver daqui de dentro e do meu serviço com a ASA”.

No povoado de Mandacaru, também do município de Cândido Sales, dona Ana Amorim tem orgulho da terra onde nasceu. As cisternas possibilitaram sua permanência, através do acesso à água potável e iniciativas de produção em convivência com o Semiárido. “Água era muito difícil, nós apanhava na cabeça ou de jegue. Agora é só levar o balde e trazer a água pro pote”, conta. Com a vinda das chuvas dona Ana também deu início a sua plantação e sente a plenitude de ser a verdadeira protagonista de sua história, bem próxima da soberania. “Quando essas cisternas estão cheias, eu penso: “Tô rica! Rica de água!”, fala com orgulho.

 

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