Colhendo água e alegria no Semiárido

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 Família de agricultores e agricultoras do município de Palmas de Monte Alto. | Foto: Andressa Azevendo – Comunicadora popular do CASA

Quem passa pelas estradas do município de Palmas de Monte Alto, na Bahia, durante o período de seca e observa a paisagem árida e os açudes vazios, não imagina que pelos caminhos para a comunidade de Alazão, encontramos uma paisagem que pode ser comparada a um oásis no meio do deserto. É exatamente essa a sensação que temos ao chegar à casa de dona Marlene Rocha Gomes, 49 anos, que recebe a todos com bastante orgulho para mostrar seu quintal cheio de vida.

Dona Marlene conquistou  uma cisterna-enxurrada no ano de 2011, durante convênio celebrado entre o Centro de Agroecologia no Semiárido – CASA e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza  (Sedes). Desde então, a agricultora jamais deixou de plantar sua horta que fica no quintal de casa, e que, além de ser um complemento para o sustendo da família através da venda de hortaliças, também é uma oportunidade para aproveitar cada centímetro de terra para plantar abóbora, goiaba, mamão, maracujá, e o que mais couber no quintal próximo à cisterna de produção.

A família fala com orgulho desse quintal, em que todos ajudam a cuidar da horta agroecológica. Seu Valdemar Antônio Gomes, 57 anos, esposo de Marlene, conhecido como Dema, conta que com o curso que tiveram aprenderam a fazer defensivos a base de Nim. Desse jeito, nenhum pulgão ou inseto chegará perto da plantação. Dema conta também que a vizinhança tomou conhecimento da horta familiar e passaram a encomendar alface, coentro e cebolinha. Assim, a família não precisa mais sair para vender os temperos, pois antes mesmo de serem colhidos já tem destino certo.

Além do marido, dona Marlene vive com a nora Solange e a neta Tauane, de quatro anos, que já tem seu pequeno canteiro plantado e ajuda a vovó a cuidar e cultivar as plantas. “Tem que ensinar desse tamanho aí, eu aprendi a plantar desde criança. A casa que não tem planta não tem alegria. Se eu não tiver minhas plantas pra amanhecer molhando, eu não tenho alegria”, conta feliz dona Marlene.

A família sempre gostou muito de fazer hortas, mas não tinham água para plantar. O único local possível era em um barreiro perto de casa, onde o gado comia e pisoteava as hortaliças. “Tinha dia que me dava vontade de comer um temperinho e eu não tinha dinheiro. Agora eu tenho tudo aqui no quintal de casa. A gente precisa ter alegria, e eu tenho. Eu não tinha esperança de ganhar essa caixa, no dia que saiu o nome dela [Solange, a nora], eu nem sei falar a alegria que eu senti, pensei: agora a gente tem água. De quando fizeram a cisterna aqui, nós nunca paramos de plantar”, conclui.

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