Seca impacta PIB do Estado
RESULTADO Crescimento em 2012 foi de apenas 2,3%, ante a previsão de 5%, e representa o menor avanço da economia local desde 2007
Diante de uma expectativa de 5% anunciada no início de 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco cresceu apenas 2,3% no ano passado, totalizando R$ 115,6 bilhões. Trata-se do percentual mais baixo de crescimento da economia local desde 2007. Apesar da frustração, o número representa mais que o dobro do PIB do País, que ficou em 0,9%. No Estado, a seca foi um dos fatores que trouxeram perdas à economia. No setor agropecuário, a queda foi de 15%, puxada pelo decréscimo de 30% na produção do rebanho bovino e pelas quebras de safras de algumas culturas que não são irrigadas, como o milho (-80,8%), feijão (-70,3%), mandioca (-13%) e cana-de-açúcar (-4,9%). Essa última representa 65% de todas as culturas temporárias do Estado.
Além da estiagem, a crise nos principais países da União Europeia (UE), com as medidas de austeridade e o aumento do desemprego trouxeram reflexos na economia pernambucana e brasileira, segundo os diretores do Condepe/Fidem. No ano de 2009, quando a crise internacional também foi forte, no entanto, o Estado registrou um incremento de 2,8%. “Todas as expectativas foram contrariadas pela conjunturas internacional e nacional. O cenário internacional ficou mais difícil do que o esperado. O bloco europeu responde por quase 25% do PIB do mundo e a economia brasileira tem nele um dos seus principais parceiros”, explicou o presidente da Agência Condepe/Fidem, Maurílio Lima.
Outro setor atingido pela crise foi a indústria. No último trimestre do ano, o setor registrou crescimento zero. “No Estado, a atividade ainda é muito volátil, porque não produz bem de consumo durável (como um carro, por exemplo) ou bens de capital (um navio)”, explicou o diretor de Estudos, Pesquisas e Estatísticas da Condepe/Fidem, Rodolfo Guimarães. Isso significa que a indústria depende muito do consumo das famílias, que diminui com a crise. Todas as riquezas geradas num determinado local são somadas para calcular o PIB.
A exceção desse desaquecimento da indústria foi a construção civil, com uma alta de 8,3% em 2012, sendo o motor da economia pernambucana. “Esse aumento é bom, porque está relacionado com os investimentos que o Estado recebe, como a refinaria e a petroquímica, ambas em Suape”, comentou Guimarães.
Os serviços também continuaram crescendo. O maior destaque ficou com o setor de transportes, com um acréscimo de 11%. Ainda no setor de serviços, foi registrada uma curiosa redução de 4,9% na produção de eletricidade, gás e água no 4° trimestre de 2012. “Houve uma redução de 9% na geração de energia que a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) faz em Petrolândia (no Sertão), devido à diminuição dos níveis de água do reservatório”, afirmou Guimarães. Essa queda também refletiu o fato de que algumas empresas deixaram de comprar energia da Celpe e passaram a comprar no mercado livre, um ambiente no qual as companhias podem adquirir o produto de um fornecedor instalado em outro Estado.
Os serviços respondem por 73% do PIB do Estado, enquanto a indústria fica com 22%. Já a agropecuária corresponde a 5% de toda a economia do Estado.
Ontem, a agência Condepe Fidem divulgou pela primeira vez o valor absoluto do PIB estadual. No 4º trimestre de 2012, ele ficou em R$ 32,1 bilhões. “Foi um avanço importante, porque esses números podem ser usados em outros estudos que vão ajudar a entender melhor a economia de Pernambuco”, concluiu Maurílio.