Mais seca a caminho do Sertão

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Estiagem prolongada vem gerando a perda de gado no semiárido pernambucano

Sedento por chuva, o Sertão pernambucano terá precipitações abaixo do esperado no próximo trimestre. Os meses de fevereiro, março e abril, que costumam registrar de 300 mm a 500 mm, deverão ser mais secos, segundo previsão do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). Apesar do alerta, a meteorologia indica que o quadro será melhor que o de 2012, quando mais de 100 municípios decretaram situação de emergência.

Ao contrário do que acontece no litoral, o primeiro trimestre costuma ser chuvoso no Sertão. Os meteorologistas que produziram o prognóstico explicaram que a redução se deve à manutenção da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) – fenômeno responsável pelas precipitações – ao norte de sua posição climatológica tradicional, em função do aquecimento do Oceano Atlântico. “As chuvas dos primeiros dias deste ano no Sertão foram irregulares. Nos últimos sábado e domingo, não choveu nada na região”, explicou o coordenador técnico da Unidade de Meteorologia do Itep, Wanderson Santos. Nas primeiras semanas deste mês, foram registradas chuvas nas microrregiões de Araripina e Itaparica, alcançando mais de 100 mm em apenas um dia. No entanto, só a microrregião do Araripe ficou acima da média para o mês, com 88% das chuvas previstas.

Segundo o secretário de Recursos Hídricos e Energéticos do estado, Almir Cirilo, as medidas contra a estiagem no Sertão serão mantidas pelos próximos meses. “Esperamos condições menos graves este ano. Já choveu em 31 municípios. Porém, vamos trabalhar como se fôssemos continuar enfrentando situações de emergência para evitar surpresas”, afirmou. No Agreste, outra região que sofre com a seca, as chuvas não chegam a 40% do esperado. As precipitações em fevereiro, março e abril também devem ficar abaixo da média. “A expectativa é de que só chova no Agreste e na Zona da Mata em maio. Acreditamos que, nesses meses, o nível de chuva deva atingir a normalidade”, pontuou o secretário.

Calor

Por conta da baixa quantidade de chuva, os termômetros devem marcar temperaturas acima da média. “O quadro de seca do ano passado deve persistir, uma vez que as chuvas serão mal distribuídas e terão menor volume”, alertou a Agência Pernambucana de Águas e Clima em seu boletim mensal sobre chuvas.

Entrevista >> Francis Lacerda, meteorologista do Instituto Agronômico de Pernambuco

“Teremos um ano menos duro”

A previsão para os próximos três meses é de chuvas abaixo da média climatológica. Esse prognóstico é válido da mesma forma para todos os municípios do Sertão?

Não. A quantidade de chuva não será uniforme em toda a região. A tendência é de precipitação variável e concentrada em determinados pontos. Algumas áreas devem receber mais chuvas do que outras. O Sertão do Araripe pode ser o mais privilegiado. Só em janeiro choveu quase 200 milímetros nessa área. Por outro lado, os municípios do Sertão do São Francisco, local onde historicamente chove menos, podem registrar médias abaixo do esperado.

Com base nesses dados, é possível prever se a situação vai ser de emergência nesses municípios que foram castigados pela forte seca em 2012?

Este ano não vai ser chuvoso, mas as previsões de temperaturas indicam maior probabilidade de se aproximarem do normal. As condições climatológicas entram numa tendência mais favorável. O cenário meteorológico está mudando. Não vai chover de forma constante no início do próximo mês. Talvez após o final de fevereiro chova um pouco mais. O que se pode observar é que será um ano menos duro que 2012.

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