Agricultores e agricultoras visitam projeto Umbu Gigante

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Agricultores/as participam da capacitação e apoio a viveiros de mudas. Foto: Luciene Pereira – Arquivo ASAcom

A UGT Centro comunitário, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), realizou Capacitação e Apoio a Viveiro de Mudas, nos dias 8 e 9 deste mês, na comunidade Pica-pau, localizada as margens da barragem de Caraíbas. Na ocasião, houve debate sobre a importância de adequar às tecnologias ao Semiárido. O engenheiro agrônomo Dilson Rocha trouxe para o encontro técnicas para produção de mudas frutíferas.
 
Como parte da programação do encontro, foi organizada uma caravana com os agricultores e agricultoras para visitar a Fazenda Experimental e a Fazenda Pedra Mole, no município de Vitória da Conquista, na Bahia, na qual existe uma área de 10 hectares pertencente ao Poder Público, onde está sendo desenvolvido o Projeto Umbu Gigante. Os agricultores e agricultoras foram recebidos pelos organizadores do projeto, os engenheiros agrônomos Dilermando Morais Fonseca, Sálvio Gusmão e o coordenador Leis Gusmão.

A cultura do umbu vem se destacando como alternativa econômica para a produção familiar do Semiárido baiano. Visando incentivar a prática na região, a Prefeitura de Vitória da Conquista em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) produz, desde 2007, mudas de umbu gigante que são distribuídas para os pequenos produtores. A comunidade Pica-pau conta com um viveiro de mudas que foi construído há mais de 15 anos pelo Pró-Gavião, projeto financiado pelo FIDA. Atualmente, em torno de 10 famílias produzem mudas para vender e tiram seu sustento dessa atividade. Na avaliação da comunidade ainda é preciso vencer algumas dificuldades para a produção, na parte estrutural e de capacitação.

Segundo o engenheiro Dilermando, a Prefeitura vem, desde a implantação do projeto Umbu gigante, fazendo a reposição natural do umbuzeiro para combater o seu desaparecimento. Através da Secretaria da Agricultura, a gestão municipal está tentando resgatar o umbuzeiro para a região de uma forma sustentável. “O umbu gigante é uma alternativa para a região da caatinga, que ainda é explorada pelo homem ao longo dos tempos, vive de forma selvagem, e não recebe nenhum tratamento. Portanto, é preciso ser podada, adubada, molhada e utilizar cobertura seca. Com esses cuidados o umbuzeiro vai durar cerca 200 a 300 anos de vida. Quando se planta, está formando um patrimônio para as futuras gerações”, disse Dilermando.

“Nosso interesse é que as pessoas deixem de ver o umbuzeiro como uma planta selvagem, de difícil acesso, e passem a enxergá-lo como uma planta cultivável. Às vezes, os agricultores me pedem um ou dois pés de umbu, sempre digo que podemos oferecer cinqüenta ou mais, e ainda disponibilizamos toda a assistência técnica necessária para que eles plantem suas roças. A prefeitura não vende muda, o objetivo é favorecer os pequenos agricultores. A ideia é mudar a concepção vertical, conduzir a copa lateralmente e conseguir a padronização para industrializar, porque são frutos diferentes”, ressalta Dilermando.

O Agricultor Edilson Souza Dutra, já beneficiado pelo Projeto Umbu Gigante, recebeu 100 mudas. O plantio fez 3 anos, alguns pés estão dando a primeira florada. A produção começa a partir do quarto ano. “Agora estou com 85 pés. O projeto vai me fornecer mais mudas para superar as que perdemos e futuramente pretendo ampliar, chegando a ter 400 pés de umbu gigante.”

O projeto visa produzir mudas de variedades de umbu gigante para distribuir aos pequenos produtores, para que a cultura se desenvolva. Sendo assim, Vitória da Conquista é o primeiro município brasileiro que começou a preservar de forma científica essa planta tão importante para a economia do Nordeste brasileiro, que já tem várias fazendas catalogadas produzindo o umbu gigante na região, com o empenho do poder público,  fomentando o cultivo da fruta do umbu.

Curiosidades sobre o cultivo do umbuzeiro – O fruto vem se tornando atrativo para a população. Enquanto o umbu tradicional pesa em torno de 20 gramas, a espécie cultivada pode chegar a 150 gramas, com um ganho significativo na polpa. O umbu gigante pode passar por dois processos: alporquia e enxertia, duas formas de propagação assexuada que vão apresentar as características genéticas da planta mãe. Esses processos permitem, por exemplo, colher de uma só árvore vários frutos diferentes. Os agrônomos fazem em uma só planta seis enxertos com variedades diferentes, deixando o umbu nativo original. Essas plantas quando entram na fase de produção podem gerar sete tipos de frutos, com localidade, formas e sabores diferentes, tudo na mesma planta.

Os frutos do umbu gigante podem servir de base para montagem de uma pequena indústria de processamento, dando aos produtores da região a oportunidade de geração de renda. Com o umbu pode se produzir produtos como: geleias, compota, polpa, umbuzada, doces, suco e licor. A produção com o umbu agrega valores, gera empregos e, valoriza assim, o produto natural da caatinga.

O umbuzeiro, planta típica da caatinga, pode atingir seis metros de altura. Seu fruto é pequeno, porém muito saboroso. O extrativismo do umbuzeiro é uma atividade importante na geração de renda para agricultores familiares do Semiárido brasileiro. Plantas de umbu gigante podem ser utilizadas para reflorestar o ambiente da caatinga, enriquecendo a vegetação com uma planta nativa capaz de reduzir os efeitos da degradação da região.

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