Caos da seca poderia ser amenizado
CAMPOS: seca tem que ser tema todo o tempo, não só quando tem seca
A atual seca pode até ser a pior dos últimos 40 anos, mas não é um problema novo. Não precisa puxar muito da memória – a maioria dos nordestinos já passou por uma ou ouviu falar do caos causado pelas longas estiagens. Se 2012 está ruim, 2013 não deve ser diferente, segundo previsões. Além do mais, seca é um fato cíclico que acontece (e acontecerá) periodicamente, e, embora as causas sejam naturais, poderiam ser amenizadas. Sendo realistas, os governos estaduais nordestinos já deveriam ter know-how para lidar com a situação.
“A seca não pode ser tema só quando tem seca. A seca tem que ser tema todo o tempo”, opina o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Em sua entrevista coletiva anual à Imprensa, o gestor disse que recebia várias indagações durante sua campanha política em 2006, porque seu programa de Governo tinha a água como eixo estratégico. “Mas foi daí que a gente tirou do papel uma série de obras que vão desde Fernando de Noronha até a fronteira com o Piauí”, argumentou. “A Adutora do Pajeú, que é uma obra de R$ 400 milhões, está chegando com água no dia 20 de dezembro lá em Serra Talhada”, diz.
Para o governador, essas medidas criarão outros cenários nas próximas secas, mais amenos. O próprio Campos lembra que esse movimento de estiagem acontece, em geral, de sete em sete anos e a cada sete anos “tem um pior”. “Teremos um outro padrão de passagem. Fizemos 60 mil cisternas e faltam mais 60 mil. Outras 35 mil estão em obras. Queremos, em 2014, que todo sítio tenha energia e uma cisterna dessas”, disse.
As medidas são necessárias não só por uma questão de sobrevivência das populações que vivem nas áreas atingidas. Como as estiagens mexem com a produtividade do campo, bom lembrar, refletem negativamente no preço final dos alimentos. E os danos são gerais. Na última semana, em visita à Folha, o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana-de-açúcar de Pernambuco (AFCP)e da União Nordestina dos Produtores de Cana (UNIDA), Alexandre Andrade, falava sobre os prejuízos que a estiagem já causou na atividade canavieira do Estado. A safra já tem queda de 35%, o preço médio do produto subiu 15% e o faturamento total dos produtores caiu 50% em relação a 2011.
Com a finalidade de modificar cenários, o Estado criou um grupo de enfrentamento contra a seca. Secretário Executivo do Comitê Integrado de Enfrentamento à Estiagem, Reginaldo Alves diz que há duas frentes: a emergencial (que proporciona acesso à água e dá auxílio financeiro, como o programa Chapéu de Palha Estiagem) e outro que pensa em longo prazo, com infraestrutura para estoque de alimentos e água. “Também estamos conscientizando as populações da importância de estocar água e alimentos também para os animais para que os impactos sejam menores, especialmente quando se trata de forragem (alimento para animais)”, argumenta.