ASA e INSA planejam ações conjuntas para o próximo triênio
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Oficina reuniu representantes de vários estados. Foto: Helder Vitorino – Arquivo ASAcom |
Além da atuação na mesma região, duas organizações que trabalham pelo Semiárido unem forças para promover a sustentabilidade e a cidadania na agricultura familiar. Nos dias 20 e 21 de setembro, representantes da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) e Instituto Nacional do Semiárido (INSA) participaram de oficina para oficializar uma parceria em pesquisas e desenvolvimento na região semiárida brasileira. O encontro foi realizado em Campina Grande, na Paraíba, e reuniu cerca de 20 especialistas.
O ponto de partida da cooperação é a realização de estudos durante três anos para identificar as características agrícolas e sociais de 90 famílias, distribuídas em nove territórios. Nove organizações sociais que fazem parte da ASA vão coordenar as pesquisas para registrar as estratégias que possibilitam a boa convivência com o Semiárido. Ao longo do triênio, cada entidade vai contar com o apoio de um bolsista. O estudo contemplará casos em todos os estados que fazem parte do semiárido legal.
O acordo bilateral agrega a construção de teorias e de ação política direta para o Semiárido. “A conceituação que estamos propondo é de uma metodologia que considere a vida das próprias pessoas. A ASA possui uma grande capilaridade e está presente em todo o Semiárido, além de ser muito respeitada pelas famílias da região. Por isso, consideramos que a parceria vai gerar informações mais concretas para lutar por políticas públicas”, destaca Aldrin Marin, coordenador de pesquisas do INSA.
Ao longo dos 12 anos de existência, a ASA valoriza as experiências das famílias agricultoras, formando um conjunto de informações para revelar e construir novas perspectivas para a convivência com o Semiárido. A relação estreita com o INSA permitirá uma ampliação no trabalho de transmissão do patrimônio cultural das famílias agricultoras que fazem parte da ASA. “Vamos verificar, testar e validar o conhecimento que a ASA reuniu. É uma ação de três anos que, possivelmente, começa no próximo ano [2013] e que promete mudar os rumos tanto no campo da pesquisa do INSA como de algumas inovações que ASA tem trabalhado”, avalia Antônio Barbosa, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da ASA.
A cooperação entre ASA e INSA vai além dos três anos de atuação de levantamento de dados. O objetivo do projeto é detalhar os procedimentos de resistência e superação das famílias para a vida digna no campo para lutar por ações políticas mais próximas da realidade vivenciada pelos cidadãos e cidadãs do Semiárido. “Vamos poder dizer ‘isso aqui funciona’ e ‘isso aqui não funciona’, por exemplo, para o PRONAF [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar]”, opina Aldrin Marin.
Na reunião, os especialistas planejaram a realização de um seminário ao final do projeto, reunindo a sociedade civil, a academia e os gestores públicos. Até o final do ano, devem ser realizadas novas reuniões para definir mais estratégias para publicizar os dados do projeto e defender novos parâmetros para a intervenção política na região semiárida.
Organizações – cada uma vai coordenar as atividades em um território com 10 famílias. As famílias serão selecionadas pelas entidades e devem contemplar quatro perfis no tamanho da área de atividades agrícolas: menor que um hectare, entre um e três hectares, entre três e 10 hectares e entre 10 e 15 hectares. Além disso, a organização deve selecionar famílias em processo de transição agroecológica.
Bolsista – no diálogo realizado em Campina Grande ficou definido que o bolsista será contratado através de edital. Ao lado do corpo técnico das entidades que participarão do projeto, o acadêmico deverá levantar informações nos âmbitos social, econômico e ecológico dos territórios. O pesquisador deve ser, preferencialmente, da área de ciências agrárias e conhecer a área que será estudada.