Movimentos sociais e convivência com o Semiárido são destaque em projeto de incentivo à cultura e cidadania

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Climério Vale conversa sobre movimentos sociais e convivência com o Semiárido com jovens do Isfa | Foto: Renato Evangelista / Arquivo Isfa

Juventude, trabalho, formação profissional e convivência com o Semiárido. Estas temáticas foram algumas das questões abordadas na Convocatória da Escola de Cidadania, um projeto realizado pelo Instituto de Formação Cidadã São Francisco de Assis (Isfa), no município de Manoel Vitorino, na região sudoeste da Bahia. Esta é a quarta reunião da Escola em 2012 e aconteceu nos dias 21, 22 e 23 deste mês, na sede do ISFA.

A Escola de Cidadania tem por objetivo a formação cidadã de jovens que cursam o ensino fundamental e médio nos municípios de Manoel Vitorino e Boa Nova. Tal objetivo, que está presente inclusive no nome da instituição, é desenvolvido por meio de atividades que incentivam o desenvolvimento social e humano, a partir da promoção de palestras sobre uma série de temas, desde juventude e trabalho até convivência com o Semiárido e movimentos sociais, que foi o mote da palestra central dessa quarta Convocatória.

As palestras incentivam o debate entre os jovens, que, a partir do contato com os temas expostos, trocam ideias e desconstroem preconcepções entre o grupo e também com os convidados, num ambiente que promove a construção coletiva do conhecimento e do saber cidadão. “Isso é ser escola de cidadania, é você aprender, se formar, mas não guardar só pra você o conhecimento, é levar para o espaço onde você está inserido o conhecimento adquirido”, afirma Climério Vale, coordenador executivo da Articulação no Semi-Árido na Bahia (ASA), que foi o palestrante convidado.

“O que são os movimentos sociais?” Essa pergunta foi o fio condutor da atividade e também a provocação feita aos jovens, que debateram a questão. “Eu acho que ser do movimento social é não se contentar com o que foi imposto pelos grandes. Movimento social é quando uma pessoa vê a necessidade em algum lugar e tenta reunir o máximo de pessoas possível para tentar saciar aquela necessidade”, diz Iamara de Menezes, dando o exemplo de comunidades rurais que sofrem com a falta de água na longa estiagem do sertão.

Para Caíque Silva, a trajetória de José Francisco, conhecido como Neguinho da Fanta, é o melhor exemplo de agente de transformação social. No início, ele tinha apenas o humilde desejo de conseguir dois pares de coletes para levar um grupo de crianças que brincava na rua para jogar futsal na quadra de esportes da cidade. Hoje vê o Isfa, entidade da qual é representante legal, beneficiar centenas de famílias com ações de convivência com o Semiárido, por exemplo, uma vez que a instituição executa o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC).

Movimentos sociais e convivência com o Semiárido – A trajetória de luta pelo direito à terra e ao território foi citada como grande exemplo de mobilização dos movimentos sociais no Brasil, através de uma contextualização histórica dos principais atores dessa luta.  Os ideais da ASA de fomento à agricultura familiar e convivência sustentável com o Semiárido foram fundamentais para estimular o desenvolvimento de um olhar crítico na dinâmica durante o evento. Foi realizado um exercício no qual cada grupo identificava quais entidades da sociedade civil atuavam em sua comunidade e quem eram os representantes dessas entidades.
   
Mas nem só de palestras e debates é feito o ambiente da escola de cidadania. Manifestações da cultura regional, por meio de músicas e de danças, como o Bumba meu boi, animaram as atividades. E também emocionaram, como a apresentação do Coral de Flautas, composto por 35 crianças da comunidade local, que executaram uma bela adaptação para flauta doce de ‘Somewhere Over the Rainbow’ (Além do Arco-Íris), da trilha sonora de ‘O Mágico de Oz’, um clássico do cinema. Em seguida, continuaram encantando a todos com uma canção ‘Como é Grande o Meu Amor Por Você’, de Roberto Carlos.

O saldo final é de que a formação e o incentivo à cidadania são o melhor meio para se formar pessoas mais conectadas com a sua realidade e que contribuam para transformá-la em um lugar melhor para se viver. Os 30 jovens que participam da Escola de Cidadania são em sua maioria voluntários em atividades do Instituto de Formação Cidadã São Francisco de Assis, sendo exemplo da formação cidadã posta em prática. Iamara de Menezes resume a importância para ela de participar do projeto: “A gente precisa se informar, porque precisamos saber como lidar com situações que só vemos aqui, nos contextualizar, nos atualizar e trocar experiências com outras pessoas, pois isso é ser cidadão”.

A Escola de Cidadania faz parte da rede dos Pontos de Cultura, uma parceria do ISFA e de dezenas de entidades da sociedade civil com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia e com o Ministério da Cultura. As fotos do evento você pode visualizar aqui.

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