Parte do Brasil pode virar um grande deserto

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BRASÍLIA (ABr) – Com aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados do seu território sob risco de se transformar em deserto, pensar o uso correto da terra é cada vez mais urgente ao Brasil. Dados do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, mostram que a área suscetível chega a 15% do território nacional e envolve 1.488 municípios em nove estados da região semiárida do Nordeste brasileiro, do Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.

De acordo com o coordenador da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Naidison Batista, a conscientização dos agricultores sobre o uso adequado da terra somada à difusão de tecnologias adaptadas ao semiárido são elementos fundamentais para combater o processo de desertificação no País. Para isso, Batista defende o uso das técnicas agroecológicas no combate e prevenção à desertificação. “O enfrentamento des¬se processo tem que ser feito por meio da prevenção e não remediando. E nessa luta, a aplicação das práticas da agroecologia é fundamental, porque elas preconizam o cuidado com a terra, a compreensão de que é preciso usufruir dela sem esgotá-la, sem objetivar apenas o lucro”, argumentou.

Ele acrescentou que a lógica do agronegócio, baseada na monocultura e no uso de agrotóxicos, contribui em grande parte para a degradação do solo, mas alertou que toda a humanidade é responsável. “O homem do campo tem que entender que suas práticas têm impacto sobre a natureza, mas o homem da cidade também precisa saber que suas ações também têm consequências. É preciso não desperdiçar água para não esgotar rios e mananciais”, explicou.

Segundo Naidison Batista, já existem muitas tecnologias sendo usadas no semiárido. Uma delas, o Programa Um Milhão de Cisternas, implementado pela ASA, em parceria com o Governo Federal, agências de cooperação e empresas privadas, permite captar a água da chuva para consumo humano por meio de cisternas de placas de cimento. A infraestrutura já está presente nas casas de aproximadamente 600 mil famílias.

Menos conhecida e difundida é a saída encontrada pela pequena agricultora Angineide de Macedo, de 42 anos. Sua propriedade, de dois hectares, sofria o processo de degradação quando ela conheceu os benefícios do cultivo do nim indiano. A planta, que tem crescimento rápido e atinge uma altura de oito metros em três anos, com a sombra que faz ajudou a reverter as consequências da desertificação e a salvar a plantação de ervas medicinais.

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