Poços populares: alternativa para o futuro?

Geólogo austríaco aposta na perfuração de poços para garantir segurança hídrica e alimentar no Brasil
Compartilhe!

 

A troca de experiências e conhecimentos e de fundamental importância no trabalho da promoção da convivência com o Semiárido. Ao longo dos seus 22 anos de atuação, o Centro de Assessoria do Assuruá sempre privilegiou o contato com novas ideias como algo central em sua atuação. É, inclusive, nesse sentido que a organização tem buscado as mais diversas tecnologias para o semiárido e tem inovado em suas parcerias – tanto em âmbito nacional, quanto internacional.

Recentemente, por exemplo, a coordenação do CAA recebeu e conheceu a experiência do geólogo austríaco, Alois Jäger que, com voluntarismo e força de vontade vem executando, desde o ano passado, um projeto popular de perfuração de pequenos poços artesianos nos Estados de Goiás e Bahia.

E ideia do pesquisador é construir poços perfurados pelos próprios agricultores e que sirvam para garantir segurança hídrica e alimentar em regiões de brejos  afetadas pela falta de chuva (veja a imagem). Partindo de um estudo geológico das terras dos dois Estados, Jäger comprovou que há muitos locais onde a perfuração de poços não requer uma profundidade superior a 50m: são locais que, mesmo mais próximo a grandes mananciais aquíferos, sofrem com a estiagem e necessitam de alternativas rápidas e baratas de acesso à água.
 
 
É justamente para esses locais que o geólogo criou uma técnica popular de perfuração de pequenos poços artesianos: usando apenas a força braçal de poucos homens, combinada com a força de uma injeção de água realizada de forma artesanal, o geólogo consegue perfurar, de forma simples e barata, poços com vazão de até 8 mil litros por hora.

Clique aqui para assistir ao vídeo.

Segundo geólogo, a vazão dos poços é suficiente para manter uma comunidade de 10 a 12 famílias em suas necessidades básicas durante os períodos de estiagem. Na Bahia, a maioria dos poços populares foi perfurado na Região dos brejos do Município de Barra, localizado a 650 quilômetros de Salvador. Lá os agricultores, antes afetados duramente pela atual estiagem, puderam, com a tecnologia, ter acesso à água de boa qualidade para beber e cozinhar.

Ao todo já são 160 poços perfurados por Jäger. Sendo que a maioria deles (120) estão na Bahia. Para o Coordenador do CAA, Mário Augusto (Jacó), a experiência é positiva e pode crescer muito se associada a políticas de assistência técnica e orientação agroecológica para produção. “Sem dúvida, a gente poderia ampliar bastante esse projeto popular de perfurção de poços se combinarmos a experiência do geólogo com a promoção da agroecologia familiar”, afirmou Jacó.

O geólogo se mostrou bastante otimista com o futuro do projeto. E acredita que parcerias com Entidades como o CAA só viriam a fortalecer a iniciativa… Cabe agora que a discussão avance e mais essa tecnologia seja abraçada pelos financiadores públicos e privados no país. Afinal, as pautas da segurança hídrica e alimentar no país ainda estão longe de serem vencidas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *