Visita do ministro da Integração reabre discussão sobre projeto
Embora não tenha sido confirmado oficialmente pelo Ministério da Integração Nacional, o ministro Fernando Bezerra Coelho deverá desembarcar na próxima quinta-feira, 12, no Rio Grande do Norte. Ele visitará as obras do Perímetro Irrigado do Vale do Apodi. Os integrantes da comitiva do auxiliar da presidente Dilma Rousseff ainda não foram confirmados.
Essa será a primeira vez que Fernando Bezerra visitará o Vale do Apodi, que contempla um grande projeto de irrigação. O ministro será acompanhado da governadora Rosalba Ciarlini.
A visita de Fernando Bezerra deverá ser marcada por uma nova mobilização dos grupos contrários à implantação do projeto.
De acordo com Nilton Bezerra Júnior, agente da Comissão Pastoral da Terra de Mossoró, que tem se mostrado um dos principais nomes na luta contra a instalação do projeto de construção do perímetro irrigado do Vale do Apodi, caso se confirme a presença de Fernando Bezerra na cidade, eles não ficarão parados. “Caso se confirme a presença do ministro em Apodi, vamos mobilizar, trabalhadoras, tr abalhadores rurais, sindicatos, organizações e movimentos sociais. O objetivo da mobilização é denunciar os impactos que serão causados pela construção do perímetro irrigado na Chapada do Apodi. Amanhã (hoje) vamos nos reunir em Assú em mais uma encontro da ASA Potiguar e vamos levar o assunto para ser discutido”, afirmou em contato com a reportagem do JORNAL DE FATO.
Ele disse ainda que uma comitiva de Apodi já foi recebida pelo ministro em Brasília (DF), mas mesmo tendo afirmado que entendia a situação dos pequenos produtores, da região, Fernando Bezerra Coelho disse que não tinha como reverter a decisão de construir o Perímetro Irrigado no Vale do Apodi, que vai utilizar as águas da Barragem de Santa Cruz.
Segundo Nilton Júnior, da forma como foi apresentado o projeto, ele vai acabar com a produção familiar no Vale e beneficiar apenas um grupo formado por cinco grandes empresas que vão explorar o perímetro após a sua construção. E le enfatiza que nesta região onde será construído o perímetro há uma das maiores produções agroecológicas de mel do país, além da caprinocultura, manejo da caatinga e diversas formas de experiências desenvolvidas pelos agricultores da região.
Construção prevê desapropriação de mais de 13 hectares
O Projeto do Perímetro Irrigado foi confirmado no dia 10 de junho de 2011, quando o Governo Federal assinou o decreto de desapropriação de uma área de mais de 13 mil hectares na Chapada do Apodi para a implantação do projeto de irrigação na área. A obra é patrocinada pelo Ministério da Integração Nacional e está sob o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
Para a implementação do projeto, está previsto um gasto que ultrapassa R$ 240 milhões, para garantir a irrigação de até 10 mil hectares destinados à fruticultura para exportação. Mais de 150 famílias de pequenos agricultores terão de sair das terras onde tradicionalmente vivem há mais de 60 anos para dar lugar ao projeto.
Além de atingir diretamente as famílias dos pequenos agricultores, o projeto também vai impactar oito assentamentos que estão no entorno. “Todo esse dinheiro ameaça pôr fim às experiências desenvolvidas por pequenos agricultores e agricultoras, que tornaram a região da Chapada do Apodi uma referência nacional e internacional de convivência com o semiárido e de produções agroecológicas”, disse Antônio Nilton.